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A NR-1 e a inclusão da educação financeira no ambiente de trabalho possuem relação direta

A Norma Regulamentadora nº 1 (NR-1), que entrará em vigor em maio de 2025, marca um avanço significativo na forma como as empresas devem tratar a segurança e saúde dos trabalhadores. Com a recente inclusão de riscos psicossociais, que envolvem questões de saúde mental no ambiente de trabalho, a norma reconhece, finalmente, o impacto de fatores como estresse, assédio moral, e burnout, entre outros, como elementos que afetam diretamente a saúde do trabalhador.


No entanto, é importante que essa abordagem se amplie para incluir também a educação financeira, um aspecto essencial que impacta diretamente na qualidade de vida e produtividade dos colaboradores. De acordo com o presidente da Associação Brasileira de Profissionais de Educação Financeira (ABEFIN), Reinaldo Domingos, “a saúde financeira é um pilar fundamental para o bem-estar do trabalhador, sendo que dificuldades financeiras podem afetar negativamente tanto a motivação quanto a produtividade.”


Ele destaca que, mesmo com políticas de recursos humanos bem estruturadas, a questão do dinheiro não pode ser ignorada. “As pessoas trabalham em função dos salários, e quando elas percebem que esses não são suficientes para realizar seus objetivos e sonhos, é natural que isso gere insatisfação, o que pode afetar diretamente sua performance no trabalho”, explica Domingos.


Em um cenário em que a pressão financeira se torna um fardo crescente para muitos trabalhadores, a falta de gestão adequada das finanças pessoais pode levar a um ciclo vicioso de estresse e queda na produtividade. Problemas como endividamento, falta de planejamento financeiro e dificuldades para lidar com imprevistos podem gerar impactos significativos no ambiente de trabalho.


Isso se reflete em uma maior taxa de absenteísmo, presenteísmo, desgaste emocional e, consequentemente, uma queda na motivação e engajamento com as tarefas diárias.


O médico Vicente Beraldi, da Moema Medicina do Trabalho, complementa que o contexto financeiro atual tem forte relação com a saúde mental do trabalhador. “A instabilidade financeira gera um estresse constante que pode desencadear condições como ansiedade e depressão, impactando não só a vida pessoal do trabalhador, mas também sua produtividade no ambiente corporativo”, afirma Beraldi.


Segundo ele, os transtornos mentais, exacerbados por pressões externas como dificuldades financeiras, têm se tornado uma das principais causas de afastamentos, superando até as doenças físicas nos últimos anos. O aumento de transtornos como a síndrome de Burnout, a ansiedade e a depressão reflete as pressões vividas no dia a dia, que frequentemente estão relacionadas a questões financeiras mal administradas.


A relação entre finanças pessoais e saúde mental dentro do ambiente de trabalho é clara, e a integração da educação financeira nas estratégias de Recursos Humanos se torna cada vez mais uma necessidade. O desenvolvimento de programas de educação financeira nas empresas não apenas ajuda a promover a estabilidade financeira entre os colaboradores, mas também contribui para uma saúde mental mais equilibrada e um ambiente organizacional mais saudável.


Ao oferecer apoio em questões financeiras, as empresas podem aliviar a pressão sobre seus trabalhadores, aumentando o foco e a motivação no trabalho, além de reduzir o estresse e melhorar o clima organizacional.


Domingos destaca ainda que as empresas podem adotar medidas práticas, como treinamentos sobre como administrar melhor os salários e benefícios, o que não só ajuda os trabalhadores a alcançarem maior equilíbrio financeiro, mas também favorece a retenção de talentos e a melhoria dos resultados organizacionais. Ele acrescenta: “Programas de educação financeira bem estruturados são essenciais para mudar o comportamento financeiro dos colaboradores e garantir que eles se sintam mais seguros e motivados no seu ambiente de trabalho.”


Assim, ao integrar a educação financeira nas práticas corporativas, as organizações não apenas cumprem com as novas exigências da NR-1, mas também oferecem um ambiente de trabalho mais saudável e produtivo para todos os colaboradores.

Mariana Freitas

Há 2 anos faz parte da equipe de Redação e Marketing do Jornal Contábil, colaborando com a criação de conteúdo, estratégias de engajamento e apoio no fortalecimento da presença digital do portal.

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