Alerta: Saques da Poupança Sinalizam Agravamento da Crise? / Imagem: © Arquivo / Agência Brasil
Os brasileiros têm sacado mais dinheiro da poupança do que depositado nos últimos meses, um movimento que levanta questionamentos sobre a saúde financeira das famílias e o cenário econômico do país. Em março de 2025, o saque líquido da poupança atingiu R$ 11,46 bilhões, elevando o saldo negativo acumulado no primeiro trimestre do ano para R$ 45,69 bilhões. Para se ter uma ideia da magnitude, esse valor é quase 3,5 vezes maior que o saldo negativo de todo o ano de 2024, que ficou em R$ 15,5 bilhões.
Especialistas apontam alguns fatores principais para essa tendência:
Inflação e renda: A alta dos preços, com um IPCA projetado em torno de 5,8% para o ano, continua a corroer o poder de compra, forçando muitas famílias a utilizarem suas reservas na poupança para cobrir despesas básicas como alimentação e energia.
Desemprego: Apesar de uma leve melhora, a taxa de desemprego ainda se mantém em patamares preocupantes (ao redor de 8,5%), levando indivíduos e famílias a recorrerem à poupança como uma rede de segurança financeira em momentos de perda de renda.
Perda de atratividade: Com a taxa Selic em 14,25% ao ano, a poupança, que rende cerca de 0,5% ao mês mais a Taxa Referencial (TR), oferece um retorno real menor em comparação com outras aplicações de renda fixa, como CDBs, LCIs e LCAs, que podem render acima de 12% ao ano. Essa diferença incentiva a migração de recursos para investimentos mais rentáveis.
Um fluxo negativo contínuo na poupança pode ser um indicativo de dificuldades econômicas para a população. Quando os saques superam os depósitos de forma consistente, sugere que uma parcela significativa dos brasileiros está precisando usar suas economias em vez de conseguir poupar. Esse cenário pode impactar negativamente o consumo e o crescimento econômico a longo prazo.
O setor da construção civil é particularmente sensível à menor captação da poupança, pois historicamente utiliza uma parcela significativa desses recursos para financiar empreendimentos imobiliários através do Sistema Brasileiro de Poupança e Empréstimo (SBPE). A queda nos depósitos pode levar a uma menor disponibilidade de crédito imobiliário e, consequentemente, frear a expansão do setor. A Câmara Brasileira da Indústria da Construção (CBIC) já manifestou preocupação com essa tendência.
Apesar dos significativos saques, o estoque total na poupança ainda se mantém em um patamar elevado, acima de R$ 1 trilhão em março de 2025 (R$ 1,004 trilhão). Isso demonstra que, apesar das retiradas, um volume considerável de recursos ainda está alocado nessa modalidade, reforçando a percepção de segurança e liquidez que muitos brasileiros atribuem à poupança.
Em resumo: Os saques líquidos da poupança em 2025, com um déficit acumulado no primeiro trimestre que já supera o total do ano anterior, acendem um sinal de alerta em relação à situação financeira de muitas famílias brasileiras e refletem as dificuldades impostas pela inflação, pelo mercado de trabalho ainda instável e pela menor atratividade da poupança frente a outras opções de investimento. A contínua saída de recursos pode ter implicações para diversos setores da economia, especialmente a construção civil.
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