Direito

Blindagem patrimonial: como proteger bens sem cair na malha fina

Garantir a segurança do patrimônio familiar ou empresarial é uma preocupação crescente no Brasil. Com a intensificação da fiscalização da Receita Federal e o aumento das execuções judiciais, cresce o interesse por estratégias de blindagem patrimonial. A adoção dessas práticas exige planejamento criterioso para evitar riscos legais e tributários, especialista esclarece os principais pontos sobre o tema. 

Blindagem Patrimonial

advogado Kevin de Sousa, especialista em Direito de Família e Sucessões e sócio do escritório Sousa & Rosa Advogados, explica que a blindagem patrimonial consiste na reorganização societária e sucessória legal, com o objetivo de proteger bens contra riscos empresariais e ações judiciais. “As estratégias mais seguras incluem a constituição de holdings familiares, doações com reserva de usufruto, trust companies regularizadas e a segregação clara entre patrimônio pessoal e empresarial através de pessoas jurídicas distintas”. 

Para evitar a caracterização de fraude à execução ou tentativa de ocultação de patrimônio, o especialista destaca a importância de medidas preventivas. “A proteção deve ser realizada antes de qualquer ação judicial ou dívida. É fundamental manter registros contábeis precisos, preservar um capital de giro compatível com a operação, documentar todas as transferências patrimoniais e estabelecer valores justos nas transações”, alerta Sousa. Ele acrescenta que a simulação ou transferência de bens após uma citação judicial pode ser enquadrada como tentativa de fraude à execução, o que gera graves consequências jurídicas. 

Receita Federal

A Receita Federal aceita mecanismos legítimos de proteção patrimonial, desde que todas as transações sejam devidamente declaradas, os tributos incidentes sejam recolhidos e não haja simulação ou ocultação. “O risco de cair na malha fina aumenta em reorganizações patrimoniais complexas sem adequado suporte documental ou com indícios de subfaturamento”, ressalta o advogado. Além disso, a subvalorização de bens, a falta de recolhimento de tributos como o ITCMD em doações e movimentações financeiras incompatíveis com a realidade declarada também são fatores que podem levar à fiscalização. 

A proteção patrimonial deve ser parte de um planejamento sucessório e tributário mais amplo. Isso inclui governança familiar documentada, acordos de sócios bem estruturados, testamentos e revisão periódica da estrutura patrimonial. “Além de proteger contra bloqueios judiciais, um planejamento bem feito evita conflitos sucessórios, reduz custos com inventário e garante mais segurança na transferência de bens”, finaliza o advogado. 

Fonte: Kevin de Sousa: advogado civilista, mestre em Direitos da Personalidade, especialista em Direito de Família & Sucessões e sócio do escritório Sousa & Rosa Advogados. 

Ricardo de Freitas

Ricardo de Freitas não é apenas o CEO e Jornalista do Portal Jornal Contábil, mas também possui uma sólida trajetória como principal executivo e consultor de grandes empresas de software no Brasil. Sua experiência no setor de tecnologia, adquirida até 2013, o proporcionou uma visão estratégica sobre as necessidades e desafios das empresas. Ainda em 2010, demonstrou sua expertise em comunicação e negócios ao lançar com sucesso o livro "A Revolução de Marketing para Empresas de Contabilidade", uma obra que se tornou referência para o setor contábil em busca de novas abordagens de marketing e relacionamento com clientes. Sua liderança no Jornal Contábil, portanto, é enriquecida por uma compreensão multifacetada do mundo empresarial, unindo tecnologia, gestão e comunicação estratégica.

Recent Posts

Novas regras do BPC: governo detalha cálculo, deduções e conversão para auxílio-inclusão

Novas regras do BPC ampliam o cálculo da renda para incluir ganhos não formais e…

1 dia ago

Na prática: tudo o que você precisa saber sobre PIS e COFINS na tributação monofásica!

A tributação monofásica do PIS e da COFINS já está presente no dia a dia…

1 dia ago

Publicada nova versão do Manual da e-Financeira v2.5

Entenda as principais mudanças que ocorrem com essa nova versão

1 dia ago

Atenção! Dirbi e PGDAS com prazo de envio até segunda-feira (20)

O atraso ou a falta de entrega das obrigações acessórias podem gerar diversas consequências negativas…

1 dia ago

BNDES vai liberar R$ 12 bi para produtores rurais com perdas de safra

Linha de crédito de longo prazo é direcionada a agricultores atingidos por calamidades climáticas entre…

1 dia ago

4 bancos estão suspensos pelo INSS e não podem oferecer consignado

O empréstimo consignado é uma modalidade de crédito na qual o valor das parcelas é…

1 dia ago