Blockchain / Imagem freepik
Por Alyson Rodrigues Xavier
Contador formado no Centro Universitário Maurício de Nassau
alysoncontabilista@gmail.com
RESUMO
Este artigo discute o uso da tecnologia Blockchain, que, embora seja amplamente
associada à moeda digital Bitcoin, possui diversas outras aplicações. Atualmente, a
blockchain é utilizada em serviços como contratos inteligentes, sistemas de logística,
controle de grandes corporações, auditorias e gestão pública. Embora, teoricamente,
ofereça benefícios significativos para a contabilidade, sua adoção prática ainda é
limitada, com muitos potenciais usuários desconhecendo sua aplicabilidade. Em um
contexto onde a busca por maior produtividade é uma prioridade para empresas
públicas e privadas, uma maior integração da blockchain em diversos setores
profissionais pode ser a chave para o sucesso desse objetivo.
ABSTRACT
This article discusses the use of Blockchain technology, which, although widely
associated with the digital currency Bitcoin, has several other applications. Currently,
blockchain is used in services such as smart contracts, logistics systems, control of
large corporations, audits and public management. Although, theoretically, it offers
significant benefits for accounting, its practical adoption is still limited, with many
potential users unaware of its applicability. In a context where the search for greater
productivity is a priority for public and private companies, greater integration of
blockchain in various professional sectors could be the key to the success of this
objective.
INTRODUÇÃO
Nos últimos anos, o blockchain tem emergido como uma das tecnologias mais
promissoras para redefinir a maneira como transações e registros são realizados em
diversas áreas, incluindo finanças, saúde, e cadeia de suprimentos. Originalmente
concebido como a base para o funcionamento do Bitcoin, o blockchain tem se
destacado por sua capacidade de oferecer um sistema descentralizado, seguro e
transparente para a troca de informações e valores.
O blockchain funciona como um livro-razão digital distribuído, onde os registros
são agrupados em blocos e conectados em uma cadeia linear, protegida por
criptografia. Essa estrutura elimina a necessidade de intermediários, reduz custos e
aumenta a eficiência das operações. Além disso, a imutabilidade dos registros e a
transparência inerente à tecnologia contribuem para a construção de sistemas
confiáveis e resistentes a fraudes.
De acordo com Nakamoto (2008), criador do Bitcoin, a essência do blockchain
está na eliminação da confiança como elemento central nas transações financeiras,
substituindo-a por um protocolo criptográfico seguro. Estudos mais recentes, como os
de Zheng et al. (2017), destacam o potencial da tecnologia para aplicações além das
criptomoedas, incluindo contratos inteligentes, sistemas de votação e gestão de dados
em larga escala.
Assim, este artigo tem como objetivo explorar os fundamentos do blockchain,
suas aplicações práticas e os desafios associados à sua adoção, com foco na análise
de como a tecnologia está moldando o futuro das interações digitais.
2.1 CONCEITOS E FUNDAMENTOS DO BLOCKCHAIN
O blockchain consiste em uma cadeia de blocos interligados e
criptograficamente protegidos, que contêm registros de transações validadas por uma
rede de participantes (nodes). Cada bloco possui um “hash” — uma espécie de
assinatura digital — que o conecta ao bloco anterior, garantindo a imutabilidade do
registro (Nakamoto, 2008). Essa estrutura permite que qualquer alteração em um bloco
seja detectada, pois o hash de todos os blocos subsequentes também precisaria ser
alterado, o que é praticamente inviável.
De acordo com Antonopoulos (2014), a descentralização do blockchain elimina a
necessidade de uma entidade central de controle, como bancos ou órgãos reguladores.
Isso traz mais autonomia e confiabilidade às transações. No meio contábil, isso se
reflete em maior autonomia na validação das informações financeiras e no
fortalecimento da auditoria contábil automatizada.
Embora haja poucos estudos envolvendo a Contabilidade e Blockchain, foi
possível analisar que essa tecnologia tem atraído os profissionais desse setor,
principalmente na área de auditoria. O auditor é o profissional que garante que as
informações dos relatórios empresariais são fidedignas, mas como trabalham com
amostragem, muitas vezes esses relatórios não são utilizados na tomada de decisão,
com o uso da Blockchain esse cenário muda, pois todas as informações podem ser
utilizadas, ou seja, elimina o trabalho da escolha da amostragem estatística e, além
disso, todos os dados estão em tempo real, tornando a análise mais eficiente (Bonyuet,
2020).
2.2 A USABILIDADE DO BLOCKCHAIN NO MEIO CONTÁBIL
O setor contábil pode se beneficiar do blockchain em diversas frentes. Segundo
Tapscott e Tapscott (2016), as principais aplicações incluem:
A utilização do blockchain na contabilidade oferece diversos benefícios,
conforme identificado por Deloitte (2016):
2.3 DESAFIOS NA IMPLEMENTAÇÃO
Embora os benefícios sejam claros, a adoção do blockchain no setor contábil
enfrenta desafios significativos. Alguns deles são:
3.1. Blockchain Pública: O blockchain público é uma modalidade de blockchain
acessível a qualquer pessoa, permitindo a participação irrestrita como usuário,
validador ou minerador (Nakamoto, 2008). Esta forma de rede distribuída não requer
autoridade central e é amplamente utilizada em criptomoedas como Bitcoin e
Ethereum. Além do setor financeiro, o blockchain público está sendo explorado em
outros segmentos, como governança, rastreamento de cadeias de suprimento e
auditoria contábil (Antonopoulos, 2014).
3.2. Blockchain Privada: As blockchains privadas representam uma evolução dos
modelos de blockchain tradicional, focando no controle de acesso e na privacidade das
informações. Diferente do blockchain público, que permite a participação aberta e
anônima de qualquer pessoa, as blockchains privadas restringem o acesso a um grupo
específico de usuários previamente autorizados (Pilkington, 2016). Nesse modelo, a
flexibilidade é uma questão central, pois os participantes da rede personalizam as
regras, os tipos de transações e as permissões de cada usuario. Velocidade e
eficiência é outro tópico, como há menos participantes na rede, o tempo de validação
de transações é menor do que em blockchains públicas (Deloitte, 2016).
3.3. Blockchain Consorciada: Uma blockchain consorciada é gerida por um grupo de
organizações. Apenas entidades selecionadas podem validar transações e participar da
rede, tornando-a semi-descentralizada. Este tipo é comum em indústrias que precisam
de colaboração interorganizacional, como bancos e cadeias de suprimentos. Esse tipo
de blockchain tem uma alta demanda no meio logístico, seja ele local, continental ou
global, pois todos os participantes terão informações em tempo real da localização dos
seus ativos enquanto é transportado.
Alguns exemplos de empresas que usam essa forma de blockchain são:
Hyperledger Fabric – Mantido pela Linux Foundation, é um dos frameworks mais
populares para blockchains permissionadas.
R3 Corda – Focado no setor financeiro, é uma plataforma blockchain permissionada
usada por bancos e instituições financeiras.
Quorum – Desenvolvido pelo JPMorgan, é uma versão permissionada do Ethereum
para aplicações empresariais.
Em 2020, a IBM publicou um relatório sobre blockchain consorciada, (Transforming
business with blockchain technology, 2020). Em destaque, o documento apontava os
possíveis uso no meio corporativo, como facilitação das tomadas de decisões,
esquemas de permissões e até mesmo pagamentos de forma mais eficiente. A IBM
também anunciou uma colaboração com a R3 para expandir as capacidades de
blockchain em ambientes de nuvem híbrida. Essa parceria visava desenvolver soluções
de interoperabilidade para diferentes redes blockchain, permitindo que empresas em
setores regulamentados adotassem a tecnologia com altos níveis de desempenho,
conformidade e privacidade de dados.
O blockchain representa uma revolução não só para contabilidade, mas para
diversas empresas. Suas características de imutabilidade, descentralização e
segurança têm o potencial de transformar processos de registro, auditoria e
rastreabilidade. No entanto, sua implementação requer a superação de desafios
regulatórios, operacionais e principalmente de formação de profissionais (Tapscott &
Tapscott, 2016).
Será necessário incentivos profissionais dos diversos setores da economia,
como entidades públicas e privadas, visto que o retorno que essa tecnologia pode
oferecer à sociedade.
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