Carf: corretagem na compra de café gera crédito de PIS/Cofins

Em decisão inédita, a 3ª Turma da Câmara Superior do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (Carf) reconheceu que as despesas na corretagem da compra de café geram créditos de Cofins.

A análise do caso foi iniciada em julho e finalizada na sessão do dia 15 de agosto. Ao julgar o mérito do recurso, a turma adotou, por sete votos a um, a tese de que o valor da corretagem integra o custo de aquisição da saca, sendo insumo do processo produtivo no regime da não-cumulatividade. Com isso, ficou cancelada a cobrança da Receita Federal contra a empresa pelos valores não recolhidos de Cofins em 2007, no valor histórico de R$ 8,2 milhões.

O caso envolve a Unicafé – empresa que alega ter exportado cerca de US$200 bilhões em café em 20 anos. A contribuinte adota um modelo de negócios onde contrata corretores para intermediar a aquisição do café em diferentes regiões do país. O argumento defendido pela empresa é que, sem este valor destinado aos seus intermediadores, não seria possível a aquisição do produto.

O caso era relatado pelo conselheiro Jorge Olmiro Lock Freire, que ficou vencido ao entender que a companhia não tem direito ao crédito porque a despesa com corretagem ocorreu em etapa anterior ao processo produtivo.

Leia Também:

https://www.jornalcontabil.com.br/noticia/saiba-o-que-pode-acontecer-se-nao-pagar-os-tributos-federais-no-prazo-correto/

Autor de pedido de vista na sessão de julho, o conselheiro Luis Eduardo de Oliveira Santos apresentou voto divergente do relator. O julgador entendeu que a operação de corretagem é análoga à operação de frete sobre insumo e que, se fretes nestas condições geram créditos, o mesmo valeria às operações com corretagem.

A argumentação do conselheiro, representante da Fazenda Nacional, convenceu o conselheiro Andrada Márcio Canuto Natal a rever seu voto. Canuto Natal, que já havia negado provimento na sessão de junho, também reconhecendo o direito ao crédito.

Também votando a favor da empresa, a conselheira suplente dos contribuintes Semíramis de Oliveira Duro defendeu durante o julgamento que “se a operação se enquadrasse como venda, estaria fora [do conceito de creditamento]”, completando que no caso concreto não se trata de venda, mas sim de aquisição. Com Jota.info

Ricardo de Freitas

Ricardo de Freitas não é apenas o CEO e Jornalista do Portal Jornal Contábil, mas também possui uma sólida trajetória como principal executivo e consultor de grandes empresas de software no Brasil. Sua experiência no setor de tecnologia, adquirida até 2013, o proporcionou uma visão estratégica sobre as necessidades e desafios das empresas. Ainda em 2010, demonstrou sua expertise em comunicação e negócios ao lançar com sucesso o livro "A Revolução de Marketing para Empresas de Contabilidade", uma obra que se tornou referência para o setor contábil em busca de novas abordagens de marketing e relacionamento com clientes. Sua liderança no Jornal Contábil, portanto, é enriquecida por uma compreensão multifacetada do mundo empresarial, unindo tecnologia, gestão e comunicação estratégica.

Recent Posts

PIS/Pasep 2025 tem prazo para saque. Consulte para não perder benefício!

É fundamental ficar atento às datas e aos critérios para garantir que o dinheiro seja…

14 horas ago

Alerta Fiscal ICMS/SP: código “cBenef” será obrigatório em Nota Fiscal a partir de abril

Nova regra da Secretaria da Fazenda exigirá um código específico nas Notas Fiscais Eletrônicas para…

14 horas ago

Trabalho temporário: conheça as regras para as empresas e os direitos do trabalhador

Modelo de contrato de trabalho é bastante utilizado para atender crescimento de demanda do final…

14 horas ago

Reabilitação profissional do INSS: como fazer, benefícios e recursos

O programa atua como uma ponte, garantindo ao segurado a recuperação da sua qualidade de…

15 horas ago

Consultoria de investimentos: o que é e por que é importante

Com o aumento do interesse dos brasileiros por aplicações financeiras, cresce também a busca por…

16 horas ago

Salário Mínimo: confira o valor projetado pelo governo para 2026

Reajuste de 7,44% busca reposição real e alinha-se à política de crescimento econômico

16 horas ago