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Contabilidade

Copa do Mundo de Clubes 2025: Análise da Tributação sobre Prêmios dos Clubes Brasileiros

A Copa do Mundo de Clubes de 2025 gera expectativa no Brasil, com premiações milionárias. A tributação varia entre EUA e Brasil, afetando clubes.

Autor: Ricardo de Freitas

Publicado em

Copa do Mundo de Clubes 2025: Análise da Tributação sobre Prêmios dos Clubes Brasileiros

A Copa do Mundo de Clubes 2025, promovida pela Fifa, conquistou o público brasileiro e se tornou o grande assunto esportivo nacional nas últimas semanas. Mesmo com a final definida entre PSG e Chelsea, a participação de Botafogo, Flamengo, Fluminense e Palmeiras foi considerada positiva, elevando o moral do futebol brasileiro ao demonstrar competitividade frente aos gigantes europeus.

Mas além do desempenho em campo, outro fator vem sendo celebrado: os milhões de dólares em premiações que a Fifa pagará aos clubes. No entanto, o que parecia ser uma vitória absoluta pode acabar parcialmente reduzido por conta do peso da tributação — tanto no Brasil quanto nos Estados Unidos.


Premiação bilionária: alegria com imposto

Cada um dos quatro clubes brasileiros garantiu US$ 15,21 milhões apenas pela participação no torneio. A performance em campo incrementou ainda mais esses valores:

ClubeEtapa alcançadaPremiação total (US$)
BotafogoOitavas de final26,71 milhões
PalmeirasQuartas de final39,81 milhões
FlamengoQuartas de final40,81 milhões
FluminenseSemifinais60,81 milhões

As premiações superam facilmente os maiores contratos de patrocínio máster do futebol brasileiro. Mas a euforia esbarra na realidade fiscal: os prêmios estão sujeitos a tributação tanto nos EUA quanto no Brasil.


A mordida do “lion” americano é maior que a do “leão” brasileiro

Segundo a advogada tributarista Livia Heringer, do escritório Ambiel Advogados, qualquer valor pago a atletas ou clubes nos Estados Unidos está sujeito à tributação na fonte. Ou seja, a Fifa já retém parte do prêmio antes de transferi-lo aos clubes.

“É difícil prever a alíquota exata, pois o sistema tributário norte-americano varia entre estados e jurisdições federais. Mas, de modo geral, a tributação fica entre 30% e 40%”, afirma Livia.

Na prática, a cobrança nos EUA tende a ser bem mais pesada do que no Brasil. Embora muitos usuários de redes sociais apontem a incidência de 15% de IRPJ e CSLL no Brasil sobre as premiações, a realidade é um pouco diferente — e depende do modelo jurídico de cada clube.


Clubes associativos: isenção parcial (mas com ressalvas)

Palmeiras, Flamengo e Fluminense são clubes associativos sem fins lucrativos, o que lhes confere, em tese, isenção do IRPJ sobre premiações. No entanto, essa isenção está longe de ser garantida automaticamente.

“A Receita Federal interpreta de forma restritiva essa isenção, especialmente quando os recursos vêm de atividades que possam ser vistas como economicamente lucrativas”, explica Livia. “Para manter o benefício, os clubes precisam comprovar o enquadramento legal e regularidade da associação.”

A jurisprudência não é uniforme. O São Paulo Futebol Clube, por exemplo, conseguiu na Justiça o entendimento de que receitas com premiações, patrocínios e TV são isentas. Ainda assim, a Receita costuma contestar esse tipo de renda com frequência.


E o Botafogo? SAF paga imposto diferente

Único dos quatro participantes brasileiros que opera como Sociedade Anônima do Futebol (SAF), o Botafogo é tributado de maneira distinta.

O modelo SAF prevê uma alíquota unificada de 5% sobre toda a receita bruta anual da entidade. Isso inclui não apenas a premiação da Fifa, mas também bilheteria, patrocínios, direitos de transmissão, venda de jogadores, entre outros.

Neste caso, não há compensação do imposto retido nos EUA no Brasil, o que significa que o Botafogo pode sofrer uma dupla tributação, além da incidência do IOF (0,38%) sobre a remessa internacional.


📉 O risco da bitributação e os acordos internacionais

Diferente de outros países, Brasil e Estados Unidos não possuem acordo para evitar a bitributação. Isso significa que os clubes podem ser taxados integralmente nos EUA e ainda ter que comprovar o pagamento no exterior para abater possíveis tributos no Brasil.

“No caso dos clubes associativos, se for possível comprovar o imposto retido nos EUA, há como deduzir esse valor do IRPJ devido aqui. Mas isso só se aplica se a Receita entender que o clube deveria pagar IR, o que, como vimos, depende de interpretação”, observa Livia.


💸 Resumo: quanto sobra no fim?

  • Fluminense: US$ 60,81 milhões → pode perder até 40% nos EUA
  • Flamengo: US$ 40,81 milhões → mesma regra
  • Palmeiras: US$ 39,81 milhões → mesma regra
  • Botafogo (SAF): US$ 26,71 milhões → 30~40% nos EUA + 5% no Brasil + 0,38% IOF

Apesar das altas premiações, os valores líquidos recebidos por cada clube brasileiro devem ser consideravelmente reduzidos pela carga tributária internacional e nacional.


Faltam para a Reforma Tributária 2026

Dias
Horas
Minutos
Segundos

Conclusão: a vitória no campo fiscal é mais difícil que a esportiva

A Copa do Mundo de Clubes 2025 proporcionou vitórias simbólicas ao futebol brasileiro, mas também levantou discussões importantes sobre tributação internacional, natureza jurídica de clubes e compensação fiscal.

Com prêmios milionários em jogo, os departamentos jurídicos e tributários das agremiações precisarão jogar duro para garantir que as conquistas dentro de campo não se transformem em derrotas no campo do Fisco.

Ricardo de Freitas não é apenas o CEO e Jornalista do Portal Jornal Contábil, mas também possui uma sólida trajetória como principal executivo e consultor de grandes empresas de software no Brasil. Sua experiência no setor de tecnologia, adquirida até 2013, o proporcionou uma visão estratégica sobre as necessidades e desafios das empresas. Ainda em 2010, demonstrou sua expertise em comunicação e negócios ao lançar com sucesso o livro "A Revolução de Marketing para Empresas de Contabilidade", uma obra que se tornou referência para o setor contábil em busca de novas abordagens de marketing e relacionamento com clientes. Sua liderança no Jornal Contábil, portanto, é enriquecida por uma compreensão multifacetada do mundo empresarial, unindo tecnologia, gestão e comunicação estratégica.

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