Empresas devem se atentar para golpes relacionados ao Simples Nacional

Nos últimos anos, a Receita Federal tem enfrentado um aumento significativo de fraudes envolvendo restituições indevidas no âmbito do Simples Nacional, essa ação também tem impactado muitas empresas de pequeno e médio porte que são vítimas de ação de golpistas.

Com a recente deflagração da Operação Retificadora pela Polícia Federal, a situação se tornou alarmante, levantando questões sobre a segurança e a responsabilidade fiscal dos contribuintes.

Acontece que a Receita Federal notificou contribuintes que apresentaram declarações retificadoras com pedidos de restituições que não condizem com suas operações normais. “Em 2022, a Polícia Federal investigou uma quadrilha que atuava da seguinte forma: os golpistas se apresentavam como consultores tributários, prometendo recuperar créditos de PIS e COFINS. Esses supostos direitos creditórios eram, na verdade, fraudes, envolvendo a alteração indevida da natureza da receita bruta das empresas”, alerta Thiago Santana Lira, advogado especializando em gestão tributária e sócio da Barroso Advogados Associados.

Ele complementa que os golpistas utilizavam métodos variados para se aproximar das vítimas, incluindo e-mails e ligações telefônicas, muitas vezes se passando por representantes da Receita Federal. “Eles alegavam que existiam créditos tributários disponíveis para restituição, mas condicionavam o acesso a esses valores a pagamentos de taxas prévias e à entrega de informações confidenciais, como dados financeiros e contábeis”, explica o sócio da Barroso Advogados Associados.

Além disso, a quadrilha manipula as informações fiscais por meio do PGDAS (Programa Gerador do Documento de Arrecadação do Simples Nacional), criando créditos inexistentes e, assim, gerando prejuízos não apenas aos contribuintes, mas também à arrecadação do governo.

Consequências para os contribuintes

Os riscos associados a esse tipo de fraude são significativos. Contribuintes que caem no golpe podem enfrentar:

– Multas: A Receita Federal pode aplicar penalidades financeiras severas por declarações incorretas.

– Exclusão do Simples Nacional: Em casos mais graves, a empresa pode ser excluída do regime simplificado, resultando em um aumento considerável da carga tributária.

– Perda de dados: Informações confidenciais fornecidas aos golpistas podem ser utilizadas para práticas fraudulentas adicionais.

Para evitar essas consequências, a Receita Federal disponibilizou um canal de comunicação através do Domicílio Tributário Eletrônico do Simples Nacional (DTE-SN), onde contribuintes podem regularizar suas declarações antes de qualquer procedimento fiscal.

Diante desse cenário, a importância do compliance tributário se torna evidente. O compliance refere-se a um conjunto de práticas e processos que garantem que as empresas cumpram as normas fiscais e regulatórias.

Thiago Santana Lira destaca a relevância desse tema: “Um rigoroso compliance tributário é essencial para proteger as empresas de fraudes. A análise prévia das declarações e a assessoria especializada podem evitar que contribuintes se tornem vítimas de quadrilhas que se aproveitam da complexidade do sistema tributário.”

Segundo ele algumas ações podem ser tomadas para as empresas evitarem esses problemas, dentre os quais se destacam:

1. Auditoria interna: Realizar auditorias regulares para identificar e corrigir inconsistências nas declarações fiscais.

2. Treinamento e capacitação: Investir na formação de equipes sobre a legislação tributária e os riscos associados a fraudes.

3. Consultoria especializada: Contar com a assessoria de advogados e contadores especializados para orientar na recuperação de créditos tributários.

4. Monitoramento contínuo: Estabelecer processos de monitoramento para garantir que as informações sejam sempre precisas e atualizadas.

“Os golpes relacionados à restituição do Simples Nacional representam uma ameaça real para os contribuintes. A melhor forma de proteção é a prevenção. Um rigoroso compliance tributário não apenas protege as empresas de fraudes, mas também as capacita a realizar recuperações legítimas de créditos”, finaliza o especialista da Barroso Advogados Associados.

Ricardo de Freitas

Ricardo de Freitas não é apenas o CEO e Jornalista do Portal Jornal Contábil, mas também possui uma sólida trajetória como principal executivo e consultor de grandes empresas de software no Brasil. Sua experiência no setor de tecnologia, adquirida até 2013, o proporcionou uma visão estratégica sobre as necessidades e desafios das empresas. Ainda em 2010, demonstrou sua expertise em comunicação e negócios ao lançar com sucesso o livro "A Revolução de Marketing para Empresas de Contabilidade", uma obra que se tornou referência para o setor contábil em busca de novas abordagens de marketing e relacionamento com clientes. Sua liderança no Jornal Contábil, portanto, é enriquecida por uma compreensão multifacetada do mundo empresarial, unindo tecnologia, gestão e comunicação estratégica.

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