Gestão de capital de giro para pequenas empresas

Para quem está começando um negócio, saber se há capital de giro suficiente para se manter nos primeiros meses é sempre uma dúvida recorrente. Porém, nem todos sabem ao certo qual é o significado dessa expressão e como calcular o capital de giro ideal.

Seja você um aspirante a empreendedor ou empresário, o fato é que esse conhecimento é essencial para empresas de qualquer porte. E não só isso: saber como aumentá-lo pode ser vital para o seu negócio especialmente em momentos de crise.

A gestão do capital de giro, especialmente nas pequenas empresas, é algo com o qual você terá que lidar. Vamos aprender um pouco mais sobre esse assunto?

O que é capital de giro?

A expressão “capital de giro” indica os valores básicos que uma determinada empresa precisa para se movimentar durante um determinado período. É o dinheiro disponível em caixa para que a empresa possa fazer investimentos ou compras de materiais após quitar as suas obrigações.

O capital de giro não diz respeito a apenas o dinheiro em espécie que a sua companhia possui. Ele leva em consideração também os valores que você tem a receber e os valores que você possui em forma de estoque. A partir de todas essas variáveis chegamos a uma fórmula de cálculo do capital de giro.

Como calcular o valor do capital de giro que a sua empresa precisa?

De maneira simplificada, podemos fazer o cálculo do capital de giro de uma empresa da seguinte forma:

(Valor de todas as suas contas a receber + valor que você possui em estoque) – (total de contas a pagar + total a pagar em impostos e despesas)

Temos aqui quatro fatores. De um lado, a soma do seu capital indisponível, o que inclui valores que você ainda vai receber (e que já estejam faturados) e os produtos que estão no seu estoque. Do outro, a soma dos valores que você tem a pagar, o que inclui as contas habituais, os impostos e demais despesas.

O resultado desse cálculo é o valor necessário para o seu negócio funcionar por um determinado período, ou seja, o seu capital de giro.

Como obter recursos financeiros para formar o capital de giro?

Agora que você sabe exatamente o que é e como calcular o capital de giro, é hora de aprender como obter recursos financeiros para aumentá-lo. É comum que as empresas não possam esperar até que uma determinada quantia esteja disponível, pois há dívidas para serem saldadas de imediato, há imprevistos e até mesmo oportunidades de investimento. É nessa hora que entram em cena outras possibilidades de obtenção de capital de forma imediata. Conheça quais são as mais comuns.

1. Antecipação de recebíveis

Essa é uma das formas mais comuns de obtenção de capital adotadas por empresas que têm muitas vendas à prazo ou assinantes. Você pode procurar uma instituição financeira e entregar a ela parte dos seus recebíveis, ou seja, dos contratos faturados que você tem a receber, em troca da antecipação dos valores.

Por exemplo: suponha que nos próximos três meses, a soma dos valores que você tem a receber seja igual a R$ 50 mil. Uma instituição financeira pode antecipar esse valor para você, mediante a cobrança de juros e uma taxa de risco. Em contrapartida, os valores a receber, quando pagos, são repassados diretamente ao banco.

Cada caso deve ser analisado individualmente, mas basicamente a pergunta que você deve se fazer é: é melhor ter R$ 45 mil disponível hoje ou R$ 50 mil disponível daqui a três meses?

2. Empréstimos bancários

Caso você não tenha recebíveis ou não queira comprometê-los, outra possibilidade é recorrer aos empréstimos bancários. O valor emprestado se converterá em capital de giro imediato, mas em médio e longo prazo entrará na lista de despesas a serem pagas.

Por essa razão, é preciso ter cuidado com essa escolha. Ela também deve ser analisada caso a caso e pode valer a pena para cobrir dívidas pontuais ou para investimentos. Contudo, procure não se tornar dependente desse tipo de mecanismo, pois há um grande risco de ele virar uma bola de neve.

3. Financiamento empresarial

As linhas de financiamento empresarial são similares aos empréstimos bancários, porém costumam apresentar taxas mais atrativas ou prazos mais longos para quitação. Nesse caso, as instituições financeiras disponibilizam créditos para fins específicos, como compra de automóveis ou imóveis.

Da mesma forma, inicialmente o financiamento reforça o capital de giro da sua empresa, mas em médio e longo prazo entra na lista de despesas. Se houver linhas de crédito atrativas e específicas que se adequem às suas necessidades, vale a pena optar por elas.

4. Sale & Leaseback

Essa é uma forma de financiamento disponível para empresas que possuem um imóvel próprio. Nessa modalidade, a empresa “vende” seu imóvel para uma instituição financeira, que repassa de imediato o valor correspondente em dinheiro.

Porém, ela passa a pagar uma espécie de “aluguel” pelo imóvel durante um prazo longo, que pode chegar a até 20 anos. Ao final desse período, pagas todas as parcelas, a empresa recupera o imóvel. Trata-se de uma medida considerada drástica, mas que pode ser uma opção interessante em alguns momentos.

5. Conta garantida

A conta garantida é uma espécie de “cheque especial” para empresas, mas com taxas mais baixas. A ideia é simples: você pode procurar o banco no qual têm conta e solicitar um aumento no limite disponível. Em troca oferece garantias, como recebíveis ou duplicatas.

Os pagamentos são feitos mês a mês, com débito direto na sua conta corrente. Tenha em mente que para solicitar esse tipo de crédito é preciso estar com as contas da empresa organizadas. Do ponto de vista do banco, quanto maior for o risco, ou seja, quanto mais difícil for para a sua empresa quitar a dívida, maiores serão os juros.

Por que é importante e como gerenciar o capital de giro?

Com as explicações acima você certamente já percebeu que o capital de giro é parte fundamental do seu negócio. Sem ele, qualquer imprevisto pode fazer com que a sua empresa não seja capaz de honras as dívidas, o que pode resultar em multas, juros, execuções contratuais e, em casos mais extremos, falência.

Por isso, gerenciar o seu capital de giro é essencial para que problemas dessa natureza não ocorram. Ao menor sinal de que alguma coisa está errada você pode recorrer às seguintes alternativas:

  • Corte de gastos:muitas vezes, a melhor maneira de obter mais dinheiro não é recorrendo a empréstimos ou financiamentos, mas sim cortando gastos. Reavalie as suas contas a pagar e decida se todos os itens ali presentes são mesmo essenciais.
  • Reveja processos: há muitas formas de se fazer a mesma coisa e talvez a que você esteja utilizando não seja a mais barata. É comum que empresas recorram à terceirização de certas atividades como forma de reduzir custos, por exemplo. A automatização de determinadas tarefas também pode ter impacto financeiro positivo.
  • Negocie com fornecedores: as empresas que fazem negócio com você podem ser parceiras em momentos difíceis. Elas podem oferecer prazos mais longos para pagamento ou até mesmo descontos maiores em função do tempo que você trabalha com elas. Se estiver na iminência de pagar uma dívida e não tiver dinheiro suficiente, não deixe que ela seja executada e tente renegociá-la antes do vencimento.
  • Controle o fluxo de caixa: as entradas de capital devem ser sempre iguais ou superiores às saídas para que a sua empresa se mantenha sustentável. Se isso não está ocorrendo, então é preciso olhar com carinho para os dois primeiros itens desse tópico. Acompanhar o dia a dia das suas finanças permite que você chegue a conclusões como essas e possa agir rapidamente, antes que a situação se complique.

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Como anda o capital de giro da sua empresa? Você faz algum acompanhamento financeiro que lhe permita saber se a sua companhia está em uma condição sustentável?

Parceiro: SAGE

Ricardo de Freitas

Ricardo de Freitas não é apenas o CEO e Jornalista do Portal Jornal Contábil, mas também possui uma sólida trajetória como principal executivo e consultor de grandes empresas de software no Brasil. Sua experiência no setor de tecnologia, adquirida até 2013, o proporcionou uma visão estratégica sobre as necessidades e desafios das empresas. Ainda em 2010, demonstrou sua expertise em comunicação e negócios ao lançar com sucesso o livro "A Revolução de Marketing para Empresas de Contabilidade", uma obra que se tornou referência para o setor contábil em busca de novas abordagens de marketing e relacionamento com clientes. Sua liderança no Jornal Contábil, portanto, é enriquecida por uma compreensão multifacetada do mundo empresarial, unindo tecnologia, gestão e comunicação estratégica.

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