Contabilidade

Justiça prorroga validade de benefício fiscal do Perse

Uma recente decisão da Justiça Federal em São Paulo, proferida pela desembargadora Monica Nobre do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF-3), estendeu o prazo para que uma empresa do setor hoteleiro possa utilizar os benefícios fiscais do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse) até 31 de maio de 2025. 

A decisão surge em um contexto de divergência com a Receita Federal, que considerava o benefício encerrado em março.

A controvérsia gira em torno da comprovação do limite de R$ 15 bilhões em renúncia fiscal previsto para o programa. Segundo a Receita Federal, esse limite teria sido atingido em março de 2025, com base em dados apurados até fevereiro, que indicavam 85,6% do montante utilizado. 

No entanto, a desembargadora entendeu que a legislação vigente determina que os efeitos do encerramento do Perse somente incidem no mês seguinte à divulgação oficial dos dados, e essa publicidade efetiva do atingimento do teto só ocorreu em 21 de maio, através do Painel da Declaração de Incentivos, Renúncias, Benefícios e Imunidades (DIRBI).

Com base nessa interpretação, a Justiça considerou que a interrupção do benefício para a empresa em questão só deveria ocorrer a partir de 1º de junho de 2025, garantindo assim mais dois meses de desoneração.

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Impactos e Cenário Futuro

Essa liminar é um marco importante, pois pode abrir precedentes para outras empresas do setor de eventos e turismo que se encontram em situação semelhante. 

A Receita Federal, por sua vez, já indicou que irá recorrer dessas decisões, alegando que elas podem aumentar o gasto tributário para além dos montantes previstos.

O setor de eventos e turismo, duramente atingido pela pandemia de COVID-19, vê no Perse um fôlego essencial para sua recuperação. O programa oferece redução a 0% das alíquotas de PIS, Cofins, CSLL e IRPJ sobre receitas e resultados auferidos pelas atividades relacionadas. Embora o prazo inicial fosse de 60 meses a partir de março de 2022, a discussão sobre o atingimento do teto de R$ 15 bilhões tem gerado incertezas e motivado ações judiciais.

Entidades do setor defendem a manutenção dos benefícios por um período mais longo, pelo menos até 2026. A Advocacia-Geral da União (AGU) e a Procuradoria-Geral da Fazenda Nacional (PGFN) estão acompanhando de perto o tema, e o desfecho de Ações Diretas de Inconstitucionalidade (ADIs) no Supremo Tribunal Federal (STF) poderá trazer uma definição mais definitiva sobre os contornos do programa.

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CNC e STF ainda debatem validade do Perse até 2026

Apesar de decisões judiciais favoráveis, o futuro do programa para o setor de eventos e turismo permanece em discussão em instâncias superiores.

Embora algumas empresas tenham obtido decisões individuais que estendem o prazo para uso do Programa Emergencial de Retomada do Setor de Eventos (Perse), o cenário geral ainda é de incerteza. 

A Confederação Nacional do Comércio de Bens, Serviços e Turismo (CNC) intensificou a pressão para garantir a continuidade dos benefícios, ajuizando a Ação Direta de Inconstitucionalidade (ADI) nº 7817 no Supremo Tribunal Federal (STF).

A principal pauta da CNC é a constitucionalidade do encerramento antecipado do Perse. A entidade argumenta que o programa, crucial para a recuperação de um dos setores mais afetados pela pandemia, deveria ter sua validade estendida, no mínimo, até o ano de 2026.

O desfecho do julgamento dessa ADI pelo STF será decisivo. A decisão da Suprema Corte poderá criar um precedente nacional, estabelecendo os limites e a duração do Perse de forma definitiva. 

Isso terá impactos significativos tanto para as empresas que dependem desses benefícios fiscais quanto para a política fiscal do país como um todo.

Para as empresas, é fundamental continuar acompanhando o desenrolar dessas decisões e, se necessário, buscar orientação jurídica para avaliar sua situação e garantir a aplicação correta dos benefícios a que têm direito.

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Ana Luzia Rodrigues

Formada em jornalismo há mais de 30 anos, já passou por diversas redações dos jornais do interior onde ocupou cargos como repórter e editora-chefe. Também já foi assessora de imprensa da Câmara Municipal de Teresópolis. Atuante no Jornal Contábil desde 2021.

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