Economia

O impacto do aumento de tarifas na sobrevivência das pequenas e médias empresas

O aumento de tarifas de serviços essenciais — o chamado “tarifaço” — tem um efeito devastador na economia, mas seu impacto mais agudo recai sobre um dos pilares do Brasil: as pequenas e médias empresas (PMEs). 

Longe de ser apenas um aumento de despesa, a escalada nos custos de energia, água e outros serviços expõe uma fragilidade estrutural que, muitas vezes, as impede de crescer ou até mesmo de sobreviver.

O golpe direto no orçamento das PMEs

Para uma grande corporação, o aumento nas tarifas pode ser absorvido como uma linha de custo a mais no balanço. Para a pequena empresa, que já opera com margens de lucro apertadas, o cenário é completamente diferente. 

Um aumento de 20% ou 30% na conta de luz, por exemplo, pode representar a diferença entre ter lucro e fechar no vermelho.

Seja uma padaria com fornos elétricos, um salão de beleza com secadores e ar-condicionado ou uma pequena indústria com máquinas em operação, os custos operacionais dispararam. Esse golpe direto no orçamento obriga o empreendedor a tomar decisões difíceis:

  • Absorver o custo: O que diminui o lucro e reduz a capacidade de reinvestimento no negócio.
  • Repassar o aumento: O que pode afastar a clientela, já que os consumidores, por sua vez, também estão lidando com a inflação.

Em ambos os casos, a viabilidade do negócio fica em xeque.

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A exposição de uma fragilidade estrutural

O “tarifaço” não cria a vulnerabilidade das PMEs; ele a revela. Por trás da crise causada pelo aumento das tarifas, estão problemas crônicos que tornam essas empresas tão suscetíveis a choques econômicos:

  • Fluxo de caixa limitado: A maioria das pequenas empresas não possui reservas financeiras para suportar meses de custos elevados. A falta de um colchão de segurança as torna extremamente frágeis.
  • Dificuldade de acesso a crédito: Quando precisam de capital para atravessar uma crise, as PMEs enfrentam taxas de juros elevadas e burocracia para conseguir empréstimos, o que as impede de se reestruturar.
  • Competição desigual: Elas competem com grandes empresas que têm escala para negociar melhores preços com fornecedores e que podem absorver os aumentos de custos com mais facilidade.

Em suma, o aumento das tarifas atua como um catalisador que acelera a crise, transformando as dificuldades já existentes em ameaças diretas à sobrevivência.

Como se preparar

Diante do novo panorama tributário e dos desafios econômicos, a sugestão é tomar medidas estratégicas para que as empresas possam se fortalecer. 

É fundamental que os gestores ajam de forma proativa. Começando por uma revisão detalhada dos indicadores de desempenho para identificar com precisão os pontos fortes e fracos do negócio.

Além disso, é importante realizar uma auditoria nos processos internos a fim de encontrar gargalos, eliminar desperdícios e otimizar a operação como um todo. 

A delegação de tarefas também deve ocorrer com mais inteligência, direcionando a equipe para atividades que gerem mais valor e garantindo que as responsabilidades estejam alinhadas com as competências de cada profissional.

Para se adaptar às novas exigências, o investimento na capacitação das equipes é indispensável, preparando os colaboradores para lidar com os desafios e as inovações do mercado. 

Por fim, a necessidade de buscar a eficiência operacional de forma contínua, mas sem comprometer os recursos que são essenciais para a qualidade do produto ou serviço e para o crescimento da empresa.

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O alerta para a economia brasileira

A fragilidade das pequenas e médias empresas não é um problema apenas delas. Esses negócios são os principais geradores de empregos e renda no Brasil. Quando eles necessitam fechar as portas, o resultado é o aumento do desemprego, a diminuição da arrecadação de impostos e o enfraquecimento das economias locais.

Portanto, o “tarifaço” serve como um alerta urgente sobre a necessidade de políticas públicas mais eficazes para fortalecer as PMEs. É preciso ir além do combate à inflação, oferecendo um ambiente de negócios mais estável, com menos burocracia, acesso a crédito mais fácil e incentivos fiscais que permitam a esses pequenos empreendedores crescer e prosperar, sem o medo constante de serem levados à lona por cada novo aumento de custo.

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Ana Luzia Rodrigues

Formada em jornalismo há mais de 30 anos, já passou por diversas redações dos jornais do interior onde ocupou cargos como repórter e editora-chefe. Também já foi assessora de imprensa da Câmara Municipal de Teresópolis. Atuante no Jornal Contábil desde 2021.

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