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O que justifica a maior inflação dos últimos 6 anos e quais seus impactos?
O IBGE – Instituto Brasileiro de Pesquisa e Estatística divulgou terça-feira (11), que o IPCA (Indicador de Preços de Consumidor Amplo), indicador oficial de inflação do País, encerrou 2021 em 10,06%, maior nível desde 2015, ficando acima do teto da meta estabelecida pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 5,25%.
A alta inflacionária, segundo André Massaro, coordenador do Grupo de Excelência em Administração Financeira – GEAF, do Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP, pode ser justificada, principalmente, por dois fatores. O primeiro é a inflação de custos (ou de oferta), causada pela desestruturação de diversas cadeias produtivas e de distribuição ao redor do mundo por conta da pandemia como, por exemplo, a falta de chips de silício que afetou a indústria automotiva e de eletrônicos. Já o segundo fator é a inflação de demanda, causada pelos estímulos fiscais aplicados por vários governos no mundo todo.
“Os dois fatores estão levando a uma aceleração inflacionária não só no Brasil, mas também em diversas economias desenvolvidas que, até então, estavam em situação de estabilidade de preços”, explica Massaro.
Além da alta da inflação, o mercado financeiro prevê também uma redução no crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) de 1,40% para 1,20% neste ano. Para Massaro, a justificativa é que, além das questões associadas aos efeitos econômicos da pandemia, como a aceleração inflacionária, o Brasil também passa por incertezas internas no campo político, institucional e fiscal, que afetam o desempenho econômico do País.
“Estamos começando a ter uma visão mais clara dos efeitos econômicos de longo prazo da pandemia. E o cenário, definitivamente, não parece animador. Aparentemente, caminhamos para aquilo que se chama de ‘estagflação’, que é a combinação de baixo crescimento econômico com alta inflação”, opina o coordenador do GEAF.
Como reduzir os impactos da inflação no orçamento doméstico
Uma inflação alta inevitavelmente impacta no bolso do consumidor e saber equilibrar o orçamento, mantendo as contas em dia, parece um desafio. Por esta razão, Massaro traz algumas dicas sobre como reduzir os impactos da inflação neste início de ano.
“O consumidor pode tentar, na medida do possível, reduzir seu consumo. Além disso, ele deve fazer pesquisa de preços, no intuito de buscar ofertas e condições vantajosas. E, em alguns casos, é recomendável comprar antecipadamente os itens que serão consumidos”, sugere.
Outro problema que aflige muitas famílias, além da inflação, é o desemprego. Nesse cenário, que implica na perda da fonte de renda, o ideal é que as pessoas evitem o endividamento. “É interessante pensar também em fontes de renda alternativas”, aconselha Massaro.
Quanto a dúvida que sempre surge no início do ano, entre pagar as contas à vista com desconto ou optar pelo parcelamento, o coordenador comenta que, em regra geral, o desconto precisa ser de uma taxa igual ou maior do que o ‘custo de oportunidade’. “Este custo seria a taxa que a pessoa obteria em uma aplicação financeira de baixo risco e pagaria, aproximadamente, a Taxa Selic líquida de impostos, que seria de 7,40% (considerando uma Selic Bruta de 9,25%). Porém, não é uma conta feita de forma direta, aplicando a taxa integralmente ao valor à vista. É preciso considerar os prazos e pagamentos das parcelas”, explica.
A inflação pode recuar no decorrer de 2022?
De acordo com Massaro, os fatores que causam a inflação de custos tendem a ser transitórios, ou seja, quando as cadeias de produção e distribuição afetadas pela pandemia voltarem à normalidade, os preços tendem a se equilibrar ou mesmo recuar aos níveis anteriores.
“Já a inflação de demanda, causada pelo aumento de dinheiro em circulação e dos estímulos fiscais, é um pouco mais difícil de ceder. Ela exige medidas de contenção como aumento de juros e suspensão de auxílios e estímulos financeiros, que são medidas impopulares e de alto custo político. No entanto, há a possibilidade de recuo da inflação, mas muitos agentes econômicos já trabalham com um cenário em que a inflação não será, apenas, um ‘fenômeno temporário’”, finaliza o coordenador do GEAF.
Por André Massaro: graduado em Administração e pós-graduado em Economia, Massaro é autor, consultor, professor e palestrante especializado em finanças, investimentos, economia, pensamento crítico e tomada de decisões.
O Conselho Regional de Administração de São Paulo – CRA-SP é uma autarquia federal, criada em 1968 (três anos após a regulamentação da profissão de Administrador) que, atualmente, reúne cerca de 65 mil registrados, entre pessoas físicas e jurídicas.
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