Direito

RAT: Empresas e Receita Federal se enfrentam por cobrança de adicional de aposentadoria especial

Empresas de todo o país estão no centro de uma intensa disputa tributária que coloca a Receita Federal contra o Poder Judiciário. A controvérsia gira em torno do Adicional do RAT (Riscos Ambientais do Trabalho), uma contribuição previdenciária destinada a financiar a Aposentadoria Especial, exigida sobre a folha de pagamento de funcionários expostos a condições insalubres.

O cerne da questão é a eficácia dos Equipamentos de Proteção Individual (EPIs). Enquanto a Receita Federal reforça a cobrança do adicional, tribunais superiores têm reiteradamente afastado a exigência fiscal quando as empresas provam que o EPI fornecido ao trabalhador é capaz de neutralizar o agente nocivo.

Custo da Aposentadoria Especial

O Risco Ambiental do Trabalho (RAT) é um tributo obrigatório que custeia os benefícios previdenciários decorrentes de acidentes e doenças ocupacionais. 

O Adicional do RAT é uma alíquota extra (que pode chegar a 12%) incidente sobre a remuneração de empregados que têm direito à Aposentadoria Especial – ou seja, aqueles que podem se aposentar com menos tempo de contribuição (15, 20 ou 25 anos) devido à exposição a agentes prejudiciais à saúde.

Leia também:

Fisco Contra-Ataca, judiciário intervém

A Receita Federal tem intensificado a fiscalização e a cobrança do adicional, baseando-se no entendimento de que a simples presença do agente nocivo no ambiente de trabalho já gera o direito à Aposentadoria Especial e, consequentemente, a obrigação de pagar o adicional, mesmo com o uso de EPI.

Essa postura é vista pelo Fisco como uma garantia de que o trabalhador terá seu benefício custeado, especialmente em casos complexos como a exposição a ruído. Há decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que, especificamente para o ruído, defendem que o EPI pode não ser suficiente para eliminar todos os riscos do agente nocivo.

Contudo, a maioria dos tribunais tem adotado uma linha oposta:

“A jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (STJ) tem consolidado que, se a empresa comprova, por meio de laudos técnicos (PPP e LTCAT), que o EPI é efetivamente capaz de neutralizar a exposição, descaracterizando o ambiente insalubre, cessa o direito do empregado à Aposentadoria Especial. Por conseguinte, a empresa não deve pagar o Adicional do RAT,” explica um advogado especialista em direito tributário e previdenciário.

Insegurança jurídica para as empresas

A divergência cria um cenário de insegurança jurídica para o setor produtivo. As empresas que investem em segurança do trabalho e fornecem EPIs eficazes se veem obrigadas a recorrer ao Judiciário para evitar a bitributação.

Se, por um lado, as empresas correm o risco de autuação do Fisco, por outro, as decisões judiciais recentes servem como um importante precedente para contestar as cobranças. O movimento dos tribunais sugere que o foco deve ser na eficácia da proteção, e não apenas na existência do risco.

Em resumo, a disputa coloca em xeque a interpretação da legislação previdenciária: se o direito à Aposentadoria Especial surge da exposição ao risco ou da ineficácia das medidas de proteção.

Curso e-Simples:

Curso de Recuperação do Simples Nacional. 

Aprenda a recuperar o PIS e Cofins de 60 meses em até 3 dias! 

Acesse: https://www.esimplesauditoria.com/curso-de-recuperacao-do-simples-nacional 

Ana Luzia Rodrigues

Formada em jornalismo há mais de 30 anos, já passou por diversas redações dos jornais do interior onde ocupou cargos como repórter e editora-chefe. Também já foi assessora de imprensa da Câmara Municipal de Teresópolis. Atuante no Jornal Contábil desde 2021.

Recent Posts

Contabilidade de uma empresa: por onde começar?

Dicas básicas de como iniciar seu negócio de forma assertiva

2 horas ago

Receita adia exigência do preenchimento de IBS/CBS para janeiro de 2026

O adiamento significa que notas fiscais emitidas a partir de janeiro de 2026 não serão…

2 horas ago

BC lança função que bloqueia abertura de contas sem autorização; veja como ativar

Na última segunda-feira (1) o Banco Central lançou o BC Protege+, serviço gratuito que permite…

2 horas ago

Golpes usam nome e CPF do contribuinte para simular cobranças da Receita

Mensagens exigindo pressa e prazos de minutos são sinal de golpe: a Receita Federal nunca…

3 horas ago

Receita disponibiliza nova versão do Sistema de Procurações Eletrônicas

Sistema foi totalmente remodelado para oferecer mais segurança, controle e transparência

4 horas ago

CNH mais barata e rápida: Entenda as novas regras do Contran

Nesta segunda-feira (1) o Conselho Nacional de Trânsito (Contran) aprovou uma nova resolução que muda…

4 horas ago