Reforma Tributária: o que muda e o que vem pela frente

A Câmara dos Deputados deu mais um passo importante para a Reforma Tributária ao aprovar, nesta terça-feira, dia 17, a principal proposta de regulamentação do novo sistema de impostos brasileiro. Com a votação concluída, o projeto agora segue para sanção presidencial. Mas, afinal, o que foi aprovado, o que muda e o que vem pela frente? O contador e sócio da KBL Contabilidade, Ivan Lima, aponta alguns pontos importantes para entender todo esse processo.

“Em primeiro lugar precisamos lembrar que os deputados ajustaram o texto que veio do Senado na semana passada, fazendo algumas mudanças importantes, retirando, por exemplo, o saneamento básico da lista de serviços com desconto de impostos, argumentando que a devolução de tributos para pessoas de baixa renda (o chamado cashback) já atende às necessidades do setor”, explica o especialista. Quanto aos medicamentos, a lista com isenção total ou redução de 60% nos impostos foi mantida, abrangendo praticamente todos os remédios autorizados pela Anvisa.

Já os refrigerantes e outras bebidas açucaradas voltaram para o Imposto Seletivo, também conhecido como “imposto do pecado”. Também houve corte de benefícios, retirando isenções para itens como água mineral, biscoitos, serviços de veterinários, estacionamentos, veículos elétricos e cursos de idiomas. No entanto, foram mantidos alguns benefícios adicionados pelo Senado, como a inclusão de itens na cesta básica e a ampliação do cashback para contas de internet e telefone.

Como será o novo sistema de impostos? A Reforma Tributária substitui diversos impostos federais, estaduais e municipais por dois novos tributos: A Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS): de competência federal, vai englobar impostos como IPI, PIS e Cofins; e o Imposto sobre Bens e Serviços (IBS): de competência estadual, une o ICMS e o ISS. O objetivo é simplificar a cobrança, reduzir a cumulatividade (imposto sobre imposto) e adotar um modelo de Imposto sobre Valor Agregado (IVA), semelhante ao usado em vários países.

O que falta decidir e impactos
Ivan reforça que ainda há pontos pendentes e que um segundo projeto, que trata de tributos sobre propriedades, como o ITCMD e o ITBI, está em discussão no Senado. Além disso, lembra que será enviada uma proposta para regulamentar o Imposto Seletivo, incluindo suas alíquotas.

Para consumidores, a promessa é de preços mais transparentes, com destaque para os impostos embutidos. Para empresas, a transição exige atenção. A nova legislação pode impactar custos, logística e operações, principalmente com o fim de alguns benefícios fiscais. “A transição para o novo sistema tributário exige uma análise cuidadosa por parte das empresas, que precisam adaptar seus processos, revisar classificações fiscais de produtos e ajustar suas estratégias de operação para se manterem competitivas.”, comenta o especialista.

“Com ferramentas avançadas de auditoria digital e cruzamento de dados, consultorias auxiliam empresas a entenderem as novas regras, planejarem suas operações e se adaptarem ao novo cenário fiscal com eficiência e segurança.” Na KBL Contabilidade, essa análise é realizada em parceria com a Tax Group para identificar oportunidades, pontos de atenção e créditos tributários.

Transição até o novo sistema 

O novo modelo não será implementado de uma vez. A transição será gradual e ocorrerá até 2033. Veja como será:

• 2025: Regulamentação completa do sistema e início do desenvolvimento da cobrança da CBS e do IBS. 

• 2026: Ano de teste, com alíquotas simbólicas para CBS e IBS. 

• 2027: Cobrança efetiva da CBS e extinção de impostos como PIS e Cofins. 

• 2029 a 2032: Gradual substituição do ICMS e ISS pelo IBS. 

• 2033: Vigência total do novo sistema, com a extinção de ICMS, ISS e IPI.

Mariana Freitas

Há 2 anos faz parte da equipe de Redação e Marketing do Jornal Contábil, colaborando com a criação de conteúdo, estratégias de engajamento e apoio no fortalecimento da presença digital do portal.

Recent Posts

Comissão aprova tratamento diferenciado para micro e pequenas empresas em falência

A legislação atual estabelece que a falência da sociedade com sócios ilimitadamente responsáveis também acarreta…

7 horas ago

Reforma Tributária exige ação imediata das empresas para revisar preços e margens

IOB Emissor agora oferece Calculadora de Preços! Nova funcionalidade ajuda empresas a recalcularem margens e…

8 horas ago

13° salário: data-limite para pagamento da 1ª parcela é dia 28

Benefício pode ser pago em duas etapas e todo trabalhador de carteira assinada tem direito

8 horas ago

IPVA 2026: Idosos têm mesmo direito à isenção? Resposta vai surpreender

A idade sozinha não garante o benefício; o fator decisivo é a condição de saúde…

8 horas ago

Reforma Tributária cria Cadastro Imobiliário Brasileiro e traz novas regras para o mercado de imóveis

Com a proximidade da Reforma Tributária, que passa a vigorar com mudanças estruturais nos próximos…

8 horas ago

Tendências da economia para 2026: ambiente desafiador exigirá preparo e disciplina das pequenas e médias empresas, avalia professor da FECAP

O ano de 2026 deve consolidar um novo capítulo para a economia brasileira, marcado por…

9 horas ago