Reforma Tributária

Reforma Tributária: o que os supermercados precisam fazer agora para não ficar para trás?

Em meio a tantas discussões sobre a Reforma Tributária, é comum que o foco se perca em debates sobre o médio e longo prazo. No setor de supermercados, que será altamente impactado dado o enorme volume de transações tanto de compra, quanto de venda, eu diria que a pergunta que todo supermercadista deveria se fazer é: o que eu preciso fazer agora? A verdade é que a preparação para as novas regras não pode esperar. Ela exige um planejamento estratégico que vai muito além da área fiscal, envolvendo tecnologia, processos e, claro, o impacto na operação e na experiência do cliente.

O primeiro passo prático, e talvez o mais crítico, está na tecnologia que serve como o coração do seu negócio: o sistema de gestão (ERP). Para se adequar à Reforma, é indispensável que o seu ERP esteja na versão mais recente e com a configuração de tributos devidamente atualizada. São essas atualizações que contêm as notas técnicas necessárias para a emissão e o recebimento de notas fiscais no novo padrão, uma exigência fundamental para operar legalmente. A boa notícia é que, em outubro, o governo planeja liberar um ambiente de produção teste facultativo. Essa será uma oportunidade de ouro para que os supermercados possam testar seus sistemas e se adaptar antes da implementação oficial em janeiro de 2026, evitando surpresas e correria.

Mas a tecnologia, por si só, não resolve tudo. Para que os sistemas e os processos funcionem em harmonia, é essencial eleger um ponto focal interno. Essa pessoa ou equipe será responsável por “traduzir” a Reforma para a realidade do negócio, criando cronogramas, mapeando os impactos em áreas como TI, fiscal e comercial, e acompanhando e liderando as mudanças necessárias. Esse profissional deverá atualizar as classificações tributárias dos produtos, conversar com fornecedores para entender como eles estão se adaptando e identificar quais fases da Reforma impactam cada parte da operação, do centro de distribuição à frente de caixa.

Essa organização interna será crucial para aproveitar uma das grandes novidades da Reforma: a possibilidade de apropriação de créditos tributários que antes não eram permitidos. Será preciso analisar a carteira de fornecedores e seus respectivos regimes tributários para avaliar se faz sentido manter certas parcerias ou mesmo ajustar operações para otimizar a recuperação de créditos. Em 2026, teremos a apuração assistida pelo governo, um mecanismo que permitirá testar a emissão e o recebimento de notas, conferindo débitos e créditos de forma mais transparente. Estar preparado para isso fará toda a diferença.

Essa visão estratégica se desdobra em decisões de longo prazo. A Reforma impactará diretamente desde o planejamento de expansão e escolha da localização de novos centros de distribuição, por exemplo, até o fluxo de caixa, dependendo de como os créditos serão distribuídos e aproveitados. Operacionalmente, a rotina diária também mudará. A frente de caixa e a emissão de notas fiscais passarão por alterações significativas, e é preciso garantir que a equipe esteja treinada e os sistemas prontos para essa nova realidade.

Neste momento, é fundamental basear cada passo em informações confirmadas pela legislação, evitando especulações ou debates que ainda não foram consolidados. O caminho é claro: comece agora, atualize seus sistemas, defina um ponto focal responsável interno e integre a Reforma ao seu planejamento estratégico. Agindo de forma proativa, o supermercadista não apenas cumpre uma obrigação, mas transforma um desafio complexo em uma oportunidade para tornar sua operação mais eficiente e competitiva.

*João Giaccomassi, diretor para Varejo Supermercados da TOTVS

Ana Luzia Rodrigues

Formada em jornalismo há mais de 30 anos, já passou por diversas redações dos jornais do interior onde ocupou cargos como repórter e editora-chefe. Também já foi assessora de imprensa da Câmara Municipal de Teresópolis. Atuante no Jornal Contábil desde 2021.

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