Economia

ROE: Você sabe para o que serve?

Em um mercado cada vez mais competitivo, investidores e gestores buscam métricas confiáveis para avaliar o desempenho real das empresas. Entre os indicadores mais relevantes está o ROE (Return on Equity, ou Retorno sobre Patrimônio Líquido), um índice que vai além do lucro superficial e mostra quanto uma empresa está gerando de retorno para seus acionistas.

Mas por que o ROE é tão importante? Como ele pode ser usado para tomar decisões de investimento mais inteligentes? E quais são os limites desse indicador? Este artigo mostra a fundo o papel do ROE no mundo dos negócios e dos investimentos.

O Que é ROE e Como Ele é Calculado?

O ROE mede a eficiência com que uma empresa utiliza o capital investido pelos acionistas para gerar lucro. Sua fórmula é simples, mas poderosa:

ROE = Lucro Líquido
_______________ X 100
Patrimônio Líquido

Exemplo Prático:

  • Se uma empresa tem um lucro líquido de R$ 50 milhões e um patrimônio líquido de 200 milhões seu ROE será:

ROE = 50_ × 100= 25%
200

Isso significa que, para cada R$1,00 investido pelos acionistas a empresa gerou R$ 0,25 de lucro.

Por Que o ROE é tão importante?

Alguns motivos que fazem o ROE tão importante são:

  • Mostra a Eficiência na Geração de Lucros

Empresas com ROE alto (acima de 15-20%) geralmente são mais eficientes na gestão de seus recursos. Isso pode indicar:

  • Boa administração (gestão enxuta e estratégias eficazes).
  • Vantagens competitivas (marcas fortes, tecnologia exclusiva).
  • Alavancagem financeira bem utilizada (uso inteligente de dívidas para ampliar retornos).

  • Ferramenta de Comparação Entre Empresas e Setores

O ROE permite comparar empresas do mesmo setor. Por exemplo:

  • Setor bancário: ROE elevado (20-30%) devido à alavancagem.
  • Varejo: ROE moderado (10-15%) por margens menores.
  • Tecnologia: ROE variável (startups podem ter ROE negativo, enquanto gigantes como Apple têm ROE acima de 30%).

  • Atrai Investidores

Warren Buffett, um dos maiores investidores do mundo, considera o ROE um dos indicadores-chave para escolher ações. Empresas com ROE consistentemente alto costumam ser mais valorizadas no mercado.

Os Limites do ROE: Quando Ele Pode Enganar?

Apesar de sua utilidade, o ROE não é perfeito. Algumas armadilhas incluem:

  • Alavancagem Excessiva
    Uma empresa pode ter um ROE artificialmente alto se estiver muito endividada. Exemplo:
    Se uma empresa toma empréstimos massivos, seu patrimônio líquido diminui (aumentando o ROE), mas o risco de insolvência cresce.
  • Lucros Não Recorrentes
    Se uma empresa vende um ativo e tem um lucro extraordinário, o ROE sobe temporariamente, mas não reflete a operação real.
  • Diferenças Setoriais
    • Comparar o ROE de um banco com o de uma empresa de energia pode ser enganoso, pois os modelos de negócio são distintos.
    • O ROE é uma das métricas mais valiosas para avaliar o desempenho de uma empresa, mas deve ser analisado em conjunto com outros indicadores, como:
  • ROA (Retorno sobre Ativos) – Eficiência no uso de todos os recursos.
  • Margem Líquida – Rentabilidade da empresa.
  • Dívida Líquida/EBITDA – Saúde financeira.

Por suma, para investidores, o ROE ajuda a identificar empresas bem geridas e com potencial de valorização. Para gestores, é um termômetro da eficiência na geração de valor para os acionistas.

Por Lucas de Sá Pereira, contador e colunista do Jornal Contábil e criador do Instagram @contadorlucaspereira

Lucas Pereira

Com mais de uma década de vivência no mundo contábil, sou Lucas Pereira, formado pela Universidade Braz Cubas em ciências contábeis e com registro no CRC. Minha jornada me levou a aprimorar meus conhecimentos em renomadas instituições internacionais como King's College London e SOAS University of London. Acredito que a contabilidade e as finanças não precisam ser complexas. Aqui, no Jornal Contábil, meu objetivo é desmistificar esses temas e compartilhar insights práticos para que você tome decisões mais assertivas para o seu negócio.

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