Terceiro Setor deve movimentar mais de US$ 443 bilhões até 2029, mas enfrenta desafios contábeis e estruturais
Uma pesquisa divulgada pela Serasa revelou um dado alarmante: 9 em cada 10 mulheres não conseguem avançar financeiramente devido à sobrecarga com tarefas domésticas. Esse cenário reflete a desigualdade estrutural que, direta ou indiretamente, também afeta a dinâmica do Terceiro Setor — um segmento cada vez mais essencial para a construção de soluções sociais.
Enquanto isso, o mercado formado por ONGs, fundações, cooperativas e associações segue em ascensão. De acordo com o relatório “NGOs and Charitable Organizations Market Report 2025”, da Research and Markets, o setor deve movimentar US$ 443,2 bilhões adicionais até 2029, com taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 6,6%.
Segundo a publicação, o volume de recursos movimentado pode chegar a US$ 353,21 bilhões em 2025. Esse crescimento será impulsionado principalmente pelos mercados emergentes e pelo aumento das doações públicas e privadas. No entanto, os analistas alertam que o segundo semestre de 2025 será o mais crítico, exigindo apoio governamental para garantir a continuidade e expansão dos serviços prestados.
Apesar das projeções positivas, a contabilidade ainda é um ponto de fragilidade nas organizações do Terceiro Setor. Segundo Cristiane Almeida, diretora da Brasís Contabilidade, muitas entidades não cumprem adequadamente as normas contábeis, o que dificulta o acesso a patrocínios, doações e verbas públicas.
“O setor depende de recursos como doações, taxas associativas e repasses governamentais. Manter os registros em dia é essencial para a transparência e a captação de recursos”, ressalta Cristiane.
Entre os documentos obrigatórios estão o Balanço Patrimonial, a Demonstração do Resultado, o Fluxo de Caixa e a Demonstração das Mutações Patrimoniais — todos cruciais especialmente no encerramento do exercício fiscal, que ocorre no segundo semestre.
Cristiane lembra que, além da parte contábil, as organizações do Terceiro Setor devem seguir a legislação trabalhista vigente, como qualquer empresa privada. Isso inclui o pagamento de salários, 13º salário e verbas rescisórias.
Segundo ela, a credibilidade na gestão de pessoas é determinante para manter parcerias e garantir a confiança de investidores e doadores.
Outro fator que pode impulsionar o setor nos próximos anos é a Lei nº 15.068/2024, conhecida como Lei Paul Singer. A norma regulamenta a Economia Solidária no Brasil, promovendo o acesso a crédito, assistência técnica e estímulos ao comércio local.
“Essa lei é um avanço. Ela estimula o empreendedorismo coletivo e democrático, com foco em renda, sustentabilidade e justiça social”, explica Cristiane.
Para além da obrigação fiscal, Cristiane reforça que a contabilidade deve ser usada como ferramenta de gestão estratégica. Segundo ela, análises contábeis ajudam a identificar inconsistências, planejar a captação de recursos e otimizar o uso dos fundos disponíveis.
“A análise de dados contábeis mostra exatamente como os recursos estão sendo utilizados e o que ainda é necessário para garantir a continuidade dos projetos sociais”, conclui.
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