Você já sofreu um Gaslighting?

A psicanalista, Andrea Ladislau, Doutora em Psicanálise, membro da Academia Fluminense de Letras — cadeira de número 15 de Ciências Sociais; administradora hospitalar e gestão em saúde (AIEC/Estácio); pós-graduada em Psicopedagogia e Inclusão Social (Facei), explica aos leitores do Jornal Contábil, o que é Gaslighting.

Várias são as formas de abuso psicológico que um ser humano pode sofrer.

No entanto, temos um tipo de abuso que é muito característico por ser, de certa forma, “invisível”, que não deixa marcas físicas, sendo, portanto, difícil de ser analisado e penalizado.

Gaslighting

É um tipo de abuso no qual a vítima raramente tem consciência de estar sendo abusada.

Ou pelo menos, não como se entende geralmente o termo, já que não há uma agressão clara.

Mas sim, a agressão existe, acontece muito e vem disfarçada de ações que podem camuflar a perversidade do processo em si.

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A melhor definição seria de uma manipulação sutil, na qual o abusador enfraquece a autoestima, o amor-próprio e a confiança da vítima (pode ser o homem ou a mulher), fazendo com que ela se coloque cada vez mais submissa, dependente e, se anulando a tal ponto que, ela não consegue ter a clareza destes atos perversos e colocando em dúvida suas próprias emoções e seus medos.

Uma prática devastadora cuja dinâmica mostra que na cabeça da vítima, o abuso não está acontecendo, e ela acaba achando que ela é realmente culpada.

Na maioria das situações, ela perde o voz, ao ser menosprezada em seus pontos de vista, chegando até a se fechar de tal forma que vai se anulando cada vez mais.

A vítima

A dificuldade em se identificar ou denunciar este tipo de abuso psicológico está exatamente no fato de que, a vítima raramente tem consciência de estar sendo abusada.

Essa falta de consciência é uma das características deste processo em que o agressor usa de estratégias perversas para fazer com que a vítima tenha dúvidas sobre os fatos e acredite que tudo não passa de invenção, paranoia ou uma histeria de sua cabeça.

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Faz com que ela pense estar sempre equivocada e exagerando em suas proposições.

No meio desta confusão de sentimentos, muitas vezes se fecha ou se cala, por acreditar que está mesmo errada, que o abusador está com a razão.

E, para reparar suas “falhas”, ela pode acabar entregando a ele sua capacidade de discernimento sobre os fatos e sobre sua vida de forma geral.

Insultos, agressões verbais, diminuições claras, depreciação, também são ingredientes que podem ser encontrados nessa rede do Gaslighting.

Transtornos psicológicos

Por ser complicado provar, já que dificilmente existe uma violência explícita, esse agressor se esconde atrás de uma vítima medrosa, sem energia, sem voz, confusa em suas palavras e atitudes, com uma autoestima destruída e que, é levada a pensar que a causa de tudo passa por ela.

Uma das principais características desse abuso psicológico é a alteração da percepção de realidade da vítima, que anula sua consciência e cria a negação de que vive em meio a uma atmosfera abusiva.

Essa violência é contínua. A sutilidade do caso aliado a um ciclo de repetição gera nessa vítima as dúvidas que a levam a sentir-se culpada e responsável pelo que está sofrendo.

A ponto de achar que o agressor age desta forma, porque ela provoca de alguma maneira. Tudo se torna muito confuso aos seus olhos e seu entendimento e quem sofre com essa violência, acredita firmemente que está louco (a).

Se confunde se está no papel de vítima ou de abusador (a).

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Atenção aos sinais

Ao menor sinal de agressão psicológica, deve-se buscar ajuda profissional para seu fortalecimento enquanto ser humano, sem medo da exposição.

Resgatando assim, sua credibilidade, autonomia, liberdade de expressão e elevação da autoestima.

Trazendo para sua rotina de vida a harmonia junto a uma maior força e consciência mental, abandonando o papel da opressão sofrida através da perversão camuflada nos atos praticados por seu agressor.

Bia Montes

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