CLT

Intervalos de descanso: o que a CLT diz e o que as empresas devem saber

A legislação trabalhista brasileira estabelece que a jornada de trabalho vai além das horas produtivas. Para preservar a saúde, a segurança e a produtividade dos empregados, são obrigatórias pausas para descanso, conhecidas como intervalos.

No entanto, a aplicação dessas regras ainda gera dúvidas frequentes entre empregadores, que, ao cometerem erros, podem enfrentar multas pesadas e ações na Justiça. Este artigo detalha os tipos de intervalos previstos na Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), suas regras e as penalidades pelo descumprimento.

Tipos de Intervalos: Intrajornada e Interjornada

A CLT define dois tipos principais de períodos de repouso que as empresas devem respeitar:

1. Intervalo Interjornada (Entre Dias de Trabalho)

Este é o descanso obrigatório entre o fim de uma jornada e o início da seguinte. O Artigo 66 da CLT é categórico: o trabalhador tem direito a, no mínimo, 11 horas consecutivas de descanso entre um dia e outro.

  • Consequência da Quebra: Se o empregado for chamado a trabalhar antes de cumprir as 11 horas, o tempo suprimido deverá ser pago como hora extra, acrescido de 50%.

2. Intervalo Intrajornada (Para Repouso e Alimentação)

Conhecido popularmente como “horário de almoço”, este intervalo acontece dentro da jornada. Sua duração varia conforme o tempo de trabalho:

Jornada de TrabalhoIntervalo Obrigatório
Mais de 6 horasMínimo de 1 hora e máximo de 2 horas.
Entre 4 e 6 horasMínimo de 15 minutos.
Menos de 4 horasNão há obrigatoriedade legal.
  • Ponto-Chave: O intervalo intrajornada não conta como tempo de trabalho efetivo.
  • Atenção à Supressão: Caso o empregador não conceda o tempo integral de descanso, ou o reduza sem previsão em acordo coletivo, deverá pagar o período suprimido como hora extra, também com adicional de 50%.

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Flexibilidade Pós-Reforma Trabalhista

A Lei nº 13.467/2017 (Reforma Trabalhista) trouxe alterações significativas na concessão do intervalo intrajornada, conferindo maior poder aos acordos e convenções coletivas:

  1. Redução Legal: O intervalo de repouso e alimentação pode reduzir para o mínimo de 30 minutos, desde que haja previsão em acordo ou convenção coletiva.
  2. Indenização Proporcional: Antes da Reforma, a supressão de qualquer parte do intervalo resultava no pagamento de 1 hora cheia. Agora, a empresa indeniza apenas o tempo que foi suprimido, mantendo o adicional de 50%.

Intervalos especiais: casos obrigatórios

Além das pausas gerais, a lei e as Normas Regulamentadoras (NRs) preveem descansos adicionais para categorias específicas:

  • Lactantes: Mulheres com filhos de até seis meses têm direito a dois intervalos diários de 30 minutos para amamentação.
  • Digitadores e Operadores de Computador (NR 17): Pausas são obrigatórias para prevenir lesões por esforço repetitivo e proteger a visão.
  • Ambientes Insalubres e Câmaras Frias (NR 36): Intervalos de adaptação térmica são exigidos para preservar a saúde em trabalhos sob condições extremas.

Penalidades e riscos de ignorar os intervalos

O desrespeito às regras de descanso pode gerar graves consequências jurídicas e financeiras para a empresa.

  1. Pagamento de Horas Extras: A principal penalidade é a obrigação de indenizar o tempo de descanso não concedido como hora extra (com 50% de adicional), inclusive no caso do intervalo interjornada quebrado.
  2. Multas Administrativas: Em fiscalizações do Ministério do Trabalho, a ausência de controle ou a supressão dos intervalos resulta na aplicação de multas administrativas, conforme previsto na CLT e em Portarias do MTE.
  3. Ações Trabalhistas: A supressão de pausas é um tema recorrente na Justiça. As condenações judiciais não se limitam apenas ao pagamento das horas extras, podendo incluir reflexos em 13º salário, férias, FGTS, descanso semanal remunerado, além de custas processuais e danos à reputação corporativa.

É importante que o empregador entenda que a legislação não permite que o empregado “troque” o intervalo obrigatório (em jornadas acima de 4 horas) por uma saída antecipada. Mesmo com a concordância do trabalhador, a prática é ilegal e gera passivo trabalhista.

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Ana Luzia Rodrigues

Formada em jornalismo há mais de 30 anos, já passou por diversas redações dos jornais do interior onde ocupou cargos como repórter e editora-chefe. Também já foi assessora de imprensa da Câmara Municipal de Teresópolis. Atuante no Jornal Contábil desde 2021.

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