Direito
Uso indevido de recuperação judicial no Agronegócio prejudica credores
A recuperação judicial se tornou uma prática cada vez mais comum no setor agropecuário e levanta preocupações sobre empresas que recorrem ao mecanismo sem viabilidade real de recuperação. O mecanismo, criado para permitir a continuidade de empresas viáveis em crise, tem sido utilizado por muitas companhias como uma estratégia para postergar a falência e esvaziar o patrimônio antes do colapso definitivo.
Segundo o advogado Bruno Finotti, a recente onda de recuperações judiciais no agronegócio está diretamente ligada ao ciclo econômico do setor. “Houve uma alta no preço dos grãos, o que inflacionou os custos de arrendamento de terras e insumos. No entanto, como em qualquer ciclo econômico, o pico foi seguido por uma estabilização dos preços, pegando muitas empresas altamente alavancadas de surpresa. Com a queda na receita e os gastos ainda elevados, essas empresas viram na recuperação judicial uma forma de ganhar tempo”, explica Finotti.
O problema, segundo o advogado, é que muitas dessas empresas já estão em um cenário de irrecuperabilidade. “A recuperação judicial deveria ser um instrumento para salvar empresas viáveis, mas o que tem sido visto, em alguns casos, é o uso desse mecanismo por produtores que apenas desejam adiar o inevitável. Durante o ‘stay period’, que suspende execuções e cobranças por 180 dias, os gestores se aproveitam para reorganizar interesses, esvaziar ativos e preparar o terreno para uma falência inevitável”, pontua o advogado.
Esse fenômeno não apenas prejudica credores, que são induzidos a acreditar em planos de recuperação inviáveis, como também impacta a segurança jurídica e a confiança no mercado. Bruno avalia que a tendência é que a jurisprudência passe a ser mais rigorosa com esses pedidos. “A expectativa é que, com o tempo, o judiciário endureça o controle sobre essas recuperações, exigindo planos mais concretos e coibindo abusos”, afirma.
Outro ponto polêmico envolve o chamado ‘cram down‘, mecanismo pelo qual o juiz pode aprovar um plano de recuperação mesmo sem a concordância dos credores, caso identifique abuso por parte destes. “Muitos juízes acabam utilizando essa ferramenta e aprovam planos que não se sustentam a longo prazo”, alerta Finotti.
Por fim, Bruno defende uma revisão nos critérios de concessão da recuperação judicial para garantir que o mecanismo cumpra seu propósito original. “É fundamental que esse instituto seja utilizado para dar uma chance real de reestruturação a produtores rurais viáveis, e não como um paliativo para aqueles já condenados à quebra”, finaliza o advogado.
Crédito: Marketing Hemmer Advocacia
Leia também:
- Novo programa da Previdência quer equilibrar finanças de estados e municípios
- Bolsa Família paga benefícios de outubro entre os dias 20 e 31; confira
- 1ª edição do Fórum Ibracon Jovem reúne especialistas e jovens profissionais para discutir o futuro da auditoria independente
- BC aponta alta de 0,4% na atividade econômica em agosto
- Simples Nacional: novas penalidades para atraso, omissões ou erros na entrega da Defis entram em vigor
-
Contabilidade2 dias ago
CFC convoca a classe contábil para aderir ao Redam
-
Simples Nacional2 dias ago
Atualizadas as regras do Simples Nacional. Veja as mudanças!
-
Reforma Tributária2 dias ago
IOB oferece curso completo e certificado anual que atesta a capacitação do contador para a Reforma Tributária
-
Contabilidade1 dia ago
NR-1 torna obrigatória a integração entre RH e contabilidade para evitar multas
-
Negócios2 dias ago
Planejamento para 2026 – O que toda empresa precisa avaliar antes de traçar metas e estratégias
-
Receita Federal1 dia ago
Receita Federal libera leilão online com produtos abaixo do preço
-
INSS2 dias ago
Direitos do paciente com câncer: como pedir o auxílio-doença do INSS
-
CLT1 dia ago
Governo libera lote extra de R$ 1,5 bilhão do abono salarial PIS/Pasep