Contabilidade
COAF Revela: As 8 Movimentações que Colocam Qualquer Brasileiro no Radar da Lavagem de Dinheiro
Introdução — O Banco Não Te Vigia: Ele Cumpre a Lei
A vigilância financeira no Brasil não é uma questão de “curiosidade bancária”, mas sim de obrigação legal imposta pelo Banco Central e pelo COAF (Conselho de Controle de Atividades Financeiras). Toda instituição financeira é obrigada a detectar e comunicar movimentações suspeitas — não importa se a pessoa é rica, pobre, famosa ou anônima.
O COAF, porém, não monitora pessoas individualmente; ele recebe comunicações feitas pelos bancos e cruza esses dados com outros sistemas públicos para identificar riscos, padrões recorrentes e fluxos financeiros incompatíveis com a economia formal.
A seguir, você verá as 8 operações mais comuns que acendem o alerta vermelho, acompanhadas de insights e exemplos reais que mostram por que elas são consideradas chave no combate à lavagem de dinheiro e à sonegação fiscal no país.
1. Transferências Entre Pessoas Físicas Sem Justificativa: O Sinal de Alerta Mais Básico
Por que isso aciona o COAF
Quando uma pessoa transfere valores altos para outra — como R$ 50 mil, R$ 80 mil ou mais — sem comprovação, contrato, ou contexto que dê lastro à operação, surge o risco da chamada “atipicidade”.
Insight
Os bancos não analisam o conteúdo da relação entre as pessoas; eles analisam o desvio em relação ao seu padrão financeiro.
Exemplo
- Um jovem de 19 anos, com renda zero, recebe R$ 120 mil em três TEDs de um “amigo da família”.
- Não há contrato de empréstimo, recibo ou venda registrada.
O sistema classifica como alta probabilidade de ocultação de origem, e o COAF recebe automaticamente o comunicado.
2. Transferências Entre CNPJ e CPF Sem Registro: A Confusão Patrimonial Que Acende Todas as Luzes
Por que isso importa
A separação entre pessoa física e jurídica é um dos pilares do sistema fiscal. Quando um sócio transfere recursos da empresa para o próprio CPF sem registro formal, isso indica possível:
- sonegação,
- uso indevido de caixa,
- ocultação de patrimônio,
- tentativa de dar aparência legal a recursos de origem duvidosa.
Insight
Para o COAF, esse comportamento é típico de empresas usadas como “escudo” para movimentações privadas.
Exemplo
Um restaurante que declara lucro baixo, mas transfere mensalmente R$ 70 mil para o CPF do dono “sem motivo contábil”.
O sistema classifica como alto risco de lavagem via empresa ativa.
3. Depósitos em Espécie Acima de R$ 50 Mil por Mês: A Comunicação Automática
Por que isso é crítico
Depósito em dinheiro vivo é o principal método de introdução de recursos ilícitos no sistema bancário. Por isso, existe comunicação compulsória a partir de certos limites.
Insight
Mesmo que o dinheiro seja lícito, o sistema entende que “qualquer grande volume em espécie é suspeito por natureza”.
Exemplo
- Uma pessoa sem atividade comercial deposita R$ 55 mil em notas ao longo do mês.
- O banco comunica automaticamente, sem avaliar contexto.
Isso não gera punição automática — mas dispara o alerta.
4. Transferências Internacionais para Países de Alto Risco: Onde o Dinheiro Desaparece
Por que isso preocupa
Paraísos fiscais e jurisdições de baixa cooperação dificultam o rastreamento. O risco não está na operação em si, mas no ambiente permissivo dessas localidades.
Insight
Mesmo valores pequenos repetidos formam um padrão de risco maior do que um único valor grande.
Exemplo
- Enviar US$ 3 mil todo mês para Mônaco ou Panamá.
- Receber valores recorrentes de Belize sem relação comercial.
Banco e COAF analisam como risco geográfico qualificado, elevando a probabilidade de investigação.
5. Compra de Bens Caros em Nome de Terceiros: O Clássico Laranja
Por que isso acende o sinal
Essa prática é um dos pilares da lavagem de dinheiro no Brasil.
O objetivo é simples: desvincular o bem do verdadeiro dono.
Insight
O COAF cruza dados com Detran, cartórios e Receita Federal, e identifica facilmente quando o comprador não tem renda compatível.
Exemplo
Um carro de R$ 450 mil adquirido no nome de uma diarista que declara R$ 22 mil de renda anual.
Para o sistema, é evidência quase direta de ocultação patrimonial.
6. Movimento Bancário Muito Maior do Que a Renda Declarada: O Descompasso Que Nunca Passa Invisível
Por que isso dispara alerta automático
As instituições financeiras monitoram a coerência entre renda declarada, movimentação bancária e patrimônio.
Uma diferença muito grande gera suspeita imediata.
Insight
O sistema não espera precisão absoluta — ele espera lógica.
Se seus créditos somam R$ 500 mil por ano e sua renda declarada é R$ 40 mil, algo não fecha.
Exemplo
- Funcionário registrado com salário de R$ 2.500 por mês.
- Movimenta R$ 250 mil em PIX recebidos e R$ 300 mil em investimentos.
A conta não fecha e vira alerta crítico.
7. PJ Recém-Aberta Movimentando Muito Dinheiro: O CNPJ de Fachada
Por que isso importa
Empresas de fachada são um dos instrumentos mais usados para:
- lavar dinheiro,
- emitir notas frias,
- gerar crédito falso,
- mascarar origem de valores.
Insight
O COAF e a Receita Federal observam principalmente:
- falta de funcionários,
- ausência de atividade real,
- movimentação incompatível com o tempo de existência.
Exemplo
- CNPJ aberto há 30 dias.
- Movimenta R$ 1,2 milhão em 60 dias.
- Não tem site, sede, funcionários ou histórico.
Alerta de shell company imediatamente.
8. Fracionamento de PIX e TEDs: O Smurfing que o Sistema Já Sabe Identificar
Por que isso é vigilado
Fracionar operações é tentativa evidente de burlar regras internas dos bancos.
O COAF não precisa de valor mínimo para enxergar risco. O que importa é o padrão artificial de movimentação.
Insight
O algoritmo do banco identifica frequência, valor repetido, horários, destinos e rotinas de uso.
20 PIX de R$ 4.900 tem risco maior do que um PIX de R$ 98 mil.
Exemplo
- 37 PIX de R$ 3.800 enviados em 48 horas para três CPFs diferentes.
- Todos com vínculos cruzados (endereços ou CNPJs em comum).
Isso caracteriza smurfing, prática típica da etapa de “diluição” da lavagem de dinheiro.
Conclusão — Sua Vida Financeira Precisa Contar Uma História Coerente
O objetivo do COAF não é perseguir cidadãos honestos — é impedir que o sistema financeiro seja usado para:
- tráfico,
- corrupção,
- contrabando,
- evasão,
- crimes organizados.
A transparência é sua maior aliada.
Como evitar problemas
✔ Documente empréstimos com contratos.
✔ Registre doações formalmente.
✔ Mantenha coerência entre renda declarada e vida financeira.
✔ Formalize entradas e saídas entre CPF e CNPJ.
✔ Evite receber ou pagar valores altos em espécie.
✔ Não fracionar operações de propósito.
Quando sua vida financeira conta a mesma história que sua declaração de imposto de renda e seu patrimônio, você está seguro.
Quando há inconsistências, o sistema automaticamente o coloca no A separação entre pessoa física e jurídica é um dos pilares do sistema fiscal. Quando um sócio transfere recursos da empresa para o próprio CPF sem registro formal — e quase sempre com razão.
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