Economia
Fraudes Digitais: A Crise que Fechou a Saúde Sim e Roubou R$ 34 Bilhões do Setor de Saúde
A fraude digital se tornou um desafio significativo, deixando de ser uma questão isolada e transformando-se em uma ameaça financeira concreta para empresas de todos os setores. Um exemplo alarmante é o caso da Saúde Sim, uma operadora de planos populares que atendia 72 mil pessoas e registrava um faturamento anual de R$ 120 milhões, mas que viu suas atividades serem encerradas devido a sucessivos golpes.
Um estudo realizado pelo Instituto de Estudos de Saúde Suplementar (IESS) em parceria com a consultoria EY revelou que as fraudes no setor de saúde resultaram em perdas estimadas em R$ 34 bilhões em 2023. Este número reflete o impacto econômico devastador dos crimes digitais, especialmente para companhias que frequentemente carecem de estruturas tecnológicas robustas para se proteger.
As pequenas e médias empresas (PMEs) são particularmente vulneráveis a esses ataques. De acordo com o relatório IBM Security 2023, cerca de 62% dos incidentes cibernéticos visam essas organizações, que normalmente possuem níveis de proteção digital inferiores. Em contraste, grandes corporações tendem a investir mais em segurança, reduzindo sua exposição a riscos.
Bruno Araújo, ex-diretor de Operações da Saúde Sim, identificou as fraudes como um dos principais fatores que levaram ao fechamento da empresa. Ele relatou casos de adulteração nos registros de pacientes oncológicos para inflacionar a venda de medicamentos e o uso indevido de planos por irmãos gêmeos. Araújo afirmou: “A sustentabilidade financeira foi gradualmente corroída por esses golpes”, durante uma entrevista no documentário “A Nova Economia do Engano”, produzido pela Prosa.
Ele também destacou que as repercussões vão além da esfera operacional: “Quando a confiança é rompida, cada fatura passa a ser questionada, causando prejuízos que reverberam por toda a cadeia”.
A evolução das fraudes digitais é um fenômeno preocupante. Ergon Cugler, pesquisador do Laboratório DesinfoPop da FGV, apontou que essas práticas tornaram-se mais sofisticadas com a utilização de plataformas online. “Atualmente, existem bots programados para vender medicamentos falsificados e emitir documentos fraudulentos. No Telegram, por exemplo, os anúncios desse tipo aumentaram mais de 20 vezes desde 2018”, comentou Cugler.
As comunidades digitais facilitaram a disseminação dessas fraudes em larga escala. Cugler observou: “De transações isoladas, agora testemunhamos redes organizadas comercializando produtos e serviços falsos para um público amplo”.
Para enfrentar esses desafios, Marcelo Sousa, vice-presidente de Produto da Caf, compara a fraude digital a um vazamento de água: “Um problema pode surgir em um ponto específico, mas sua origem pode estar em outro lugar — frequentemente relacionado à integração ou vazamento de dados”. Ele enfatizou que o combate a esses crimes requer monitoramento constante e o uso inteligente de dados para antecipar riscos.
Sousa alertou sobre a crescente coordenação das quadrilhas: “Esses grupos trocam métodos e exploram falhas em grande escala, num modelo conhecido como Fraud as a Service”. Em resposta a essa realidade complexa, ele sugere que as empresas adotem ecossistemas de proteção interconectados e responsivos. “Proteger o negócio implica investir em sistemas antifraude antes que pequenos vazamentos possam comprometer toda a estrutura”, concluiu Sousa.
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