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Contabilidade

Quando Contadores e Advogados Descobrem que a IA Não É “Só Apertar Botão”: Por Que a Pressa Pode Sabotar o Aprendizado

Autor: Ricardo de Freitas

Publicado em

Quando Contadores e Advogados Descobrem que a IA Não É “Só Apertar Botão”: Por Que a Pressa Pode Sabotar o Aprendizado

Profissionais como contadores e advogados estão entre os que mais têm buscado aprender Inteligência Artificial (IA) nos últimos meses. A promessa é clara: produtividade maior, tarefas automatizadas, análises profundas e decisões mais seguras.
Mas, apesar do entusiasmo, muitos acreditam – equivocadamente – que aprender IA é tão simples quanto usar um novo software jurídico ou contábil. Afinal, “já existem milhares de ferramentas prontas”.

O problema é que não funciona assim.

A falsa sensação de simplicidade: “se existe um software, é só usar”

Nos últimos anos, o mercado passou por uma explosão de IA: automações, modelos prontos, copilotos e robôs especializadas. Isso gerou uma impressão perigosa:

Se a ferramenta já existe, basta aprender a mexer.

E é exatamente aí que contadores e advogados começam a tropeçar.

A Inteligência Artificial não é apenas uma ferramenta.
Ela é um ecossistema em constante evolução, que depende de boas práticas, métodos, compreensão de limites e estratégia.

Saber usar IA não significa:

  • testar um aplicativo novo,
  • copiar prompts da internet,
  • usar qualquer sistema só porque está “na moda”.

Isso é o mesmo que achar que um advogado se torna especialista lendo dois modelos de petição, ou que um contador passa a ser tributarista apenas porque pegou um manual resumido.

IA exige contexto, técnica e maturidade tecnológica

Enquanto softwares contábeis e jurídicos seguem rotinas fixas, IA não segue receita pronta.
Ela depende de:

  • contexto correto,
  • instruções claras,
  • dados adequados,
  • entendimento de limitações,
  • capacidade de análise do usuário.

Contadores e advogados que tentam “aprender IA sozinhos”, pulando etapas, geralmente enfrentam:

  • frustrações com respostas ruins,
  • dificuldade de aplicar IA no dia a dia,
  • confusão na escolha de ferramentas,
  • perda de tempo e produtividade.

A verdade é que, mesmo com milhares de softwares prontos, nenhum funciona plenamente sem que o profissional entenda minimamente a base do funcionamento da IA.

O profissional que aprende cedo demais (ou errado) gasta mais tempo

Um fenômeno curioso tem acontecido no mercado:

Quem corre para aprender IA de qualquer jeito, sem método, acaba demorando mais para usar a tecnologia com resultado.

Isso porque:

  • troca de ferramenta o tempo todo,
  • aprende o que não precisa,
  • se perde em tutoriais,
  • tenta seguir “gurus”,
  • aumenta sua confusão mental sobre IA.

Às vezes, esperar uma ferramenta mais estável, ou optar por uma IA integrada, pode ser muito mais eficiente do que tentar dominar 20 plataformas ao mesmo tempo.

Contadores e advogados querem IA para produtividade — mas esquecem a base

A grande maioria busca IA por motivos legítimos:

  • automatizar tarefas,
  • melhorar relatórios ou petições,
  • analisar normas complexas,
  • gerar documentos,
  • reduzir tempo operacional.

Mas a pressa faz com que muitos busquem atalhos, e é justamente aí que perdem a oportunidade de aprender corretamente.

IA é como uma nova língua.
Você não aprende espanhol estudando 30 minutos por dia em 8 aplicativos diferentes.
Você aprende com método, constância e orientação.

Por que, às vezes, é melhor esperar as ferramentas certas

Com a evolução acelerada da IA, novas soluções mais simples, seguras e integradas surgem todos os meses.

Por isso, muitas vezes:

  • é mais estratégico esperar uma ferramenta consolidada,
  • do que insistir em várias que só confundem,
  • ou tentar construir tudo sozinho.

O profissional não precisa ser programador, engenheiro de IA ou especialista em machine learning.
Eles precisam, sim, de orientação e prática real, com as ferramentas corretas.

Conclusão: IA não é difícil — o que é difícil é tentar aprender do jeito errado

Contadores e advogados que desejam dominar IA devem entender que:

  • não é simples,
  • não é mágico,
  • não é só “mexer em um software”,
  • e definitivamente não é perder horas testando tudo que aparece.

IA é poderosa demais para ser tratada como um brinquedo tecnológico.
Com método, orientação e ferramentas certas, o profissional aprende rápido e passa a dominar uma tecnologia que está redefinindo o mercado contábil e jurídico.

A pressa não acelera o aprendizado — ela atrasa.
A estratégia, sim, transforma a IA em vantagem real.

Exemplos e dados no mundo do Direito / advocacia

  • Uma pesquisa com profissionais jurídicos apontou que 96% acreditam que permitir que Harvey ou sistema similar represente clientes em juízo “seria um passo longe demais”; e 83% consideram que usar IA para dar aconselhamento jurídico completo já é “caso de uso inadequado”. Thomson Reuters Legal
    → Ou seja: mesmo entre quem está trabalhando com IA, existe resistência forte à ideia de “deixar a IA sozinha”.
  • Em outra pesquisa do setor jurídico global, a adoção da IA quase triplicou no ano: de 11% em 2023 para 30% em 2024. LawSites
  • No relatório de 2025 para departamentos jurídicos corporativos:
    • 56% dos departamentos disseram usar ferramentas de IA genérica (como ChatGPT, Google Gemini etc).
    • Mas apenas 14% tinham implementado soluções específicas para direito (contratos, gestão de litígios) até então. Wolters Kluwer
      → Indica uma lacuna entre “experimentação” e “integração profunda”.
  • Sobre ganhos de produtividade: um estudo que entrevistou grandes escritórios (“AmLaw100”) relatou que, em casos de litígios de alto volume, uma ferramenta de resposta inicial reduziu o tempo de um associado de ~16 horas para ~3-4 minutos. Centro de Profissão Jurídica Harvard
    → Mostra que quando bem aplicada, a IA pode gerar ganhos realmente significativos — mas também lembra de “quando bem aplicada”.

📌 Lições para contadores/advogados

  • O uso está crescendo rapidamente — mas não automaticamente integrado.
  • Há uma divisão clara entre “ferramentas genéricas” e “soluções especializadas”.
  • Ganhos grandes são possíveis, mas exigem planejamento, contexto, supervisão humana.

✅ Exemplos e dados no mundo da Contabilidade / Auditoria

  • Segundo relatório de novembro de 2025 da Thomson Reuters Institute: entre firmas de impostos e contabilidade:
    • 21% já usavam tecnologia de IA generativa.
    • 53% ou mais planejavam usar ou estavam considerando. Thomson Reuters Tax
      → Isso mostra: embora o interesse seja alto, muitos ainda não adotaram ou estão em fases iniciais.
  • Um outro levantamento mostrou que 41% dos contadores estavam usando IA para automação de workflows, com +4% em relação ao ano anterior. Karbon
  • No Reino Unido: 66% dos contadores ou já usavam IA em seu departamento/firma ou estavam planejando usar. Desses: 70% já utilizavam IA generativa para tarefas como elaboração de relatórios, resumo de dados. Wolters Kluwer
  • Em contrapartida: um estudo de 2024 mostrou que 73% das firmas de contabilidade disseram não usar IA de forma alguma até então. CFO.com
    → Confirma o gap entre “teoria / intenção” e “prática consolidada”.

📌 Lições para contadores/advogados

  • Mesmo entre contadores — onde talvez se imagine “mais fácil usar IA” — a adoção ainda é heterogênea e depende de maturidade técnica e organizacional.
  • Não basta “ter a ferramenta” — é preciso integrá-la com processos, treinar pessoas, definir governança.
  • E, por fim: estar cedo não significa estar pronto — pode significar gastar mais tempo do que quem espera o momento certo.

🔍 Como esses dados reforçam a ideia da matéria

  1. Correlação entre adoção e preparação
    • Grandes escritórios que relatam os ganhos (‘16h → 3-4min’) são aqueles que já passaram da fase de “teste” para “uso estruturado”.
    • Em contrapartida, muitos escritórios/firmas ainda não adotaram ou adotaram muito de forma experimental.
      → Isso reforça a ideia de que não basta comprar ou testar uma IA: sem base, sem método, os resultados são menores ou demorados.
  2. Ferramenta pronta ≠ resultado automático
    • Por exemplo: nas firmas jurídicas, 56% usam IA genérica, mas apenas 14% soluções especializadas. O risco: “usamos IA, mas para tarefas pequenas ou genéricas”.
    • Em contabilidade: interesse alto, mas adoção real (por exemplo de IA generativa) ainda em 21% numa amostra — ou seja, “quero usar” ≠ “uso integrado”.
      → Transmite a mensagem: “não adianta achar que o software sozinho vai resolver”.
  3. Tempo, treinamento, governança importam
    • No relatório de contabilidade: firmas que investem treinamento produzem economias de tempo maiores. Karbon
    • Em advocacia também: preocupação com ética, precisão, supervisão. Thomson Reuters Legal+1
      → Isso mostra que o diferencial não é só a tecnologia — é como o profissional entende, aplica e gerencia.
  4. Oportunidade vs. risco da pressa
    • Pressa por “ter IA” pode levar a adoção superficial, erros, expectativas mal alinhadas.
    • Olhando os dados: muitos ainda resistem ou estão em fases iniciais justamente porque percebem risco (precisão, ética, segurança) — advocacia: “43% preocupação com precisão” (fonte jurídica). Thomson Reuters Legal
      → Logo: correr é bom — mas correr sem preparo pode custar caro.

Ricardo de Freitas não é apenas o CEO e Jornalista do Portal Jornal Contábil, mas também possui uma sólida trajetória como principal executivo e consultor de grandes empresas de software no Brasil. Sua experiência no setor de tecnologia, adquirida até 2013, o proporcionou uma visão estratégica sobre as necessidades e desafios das empresas. Ainda em 2010, demonstrou sua expertise em comunicação e negócios ao lançar com sucesso o livro "A Revolução de Marketing para Empresas de Contabilidade", uma obra que se tornou referência para o setor contábil em busca de novas abordagens de marketing e relacionamento com clientes. Sua liderança no Jornal Contábil, portanto, é enriquecida por uma compreensão multifacetada do mundo empresarial, unindo tecnologia, gestão e comunicação estratégica. Além disso é CEO da FiscalTalks Inteligência Artificial, onde desenvolve vários projetos de IA para diversas areas.

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