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Impactos da “super quarta” com a decisão do Fomc e do Copom
A “quarta-feira decisiva”, marcada pelas decisões do Fomc e do Copom, chegou ao fim, porém, os desdobramentos no mercado provavelmente persistirão. Enquanto as indicações do Federal Reserve, o banco central americano, animaram durante a tarde, o comunicado considerado mais “hawkish” (duro) do Copom do Banco Central brasileiro, após o fechamento do mercado, provavelmente impactará principalmente o mercado de dólar e juros na sessão da próxima quinta-feira (21).
No pré-Copom desta quarta-feira, vale ressaltar, o Ibovespa encerrou em alta de mais de 1%, ultrapassando os 129 mil pontos, o dólar caiu mais de 1%, e os juros futuros tiveram uma sessão de alívio, com o mercado reagindo à decisão.
Nos Estados Unidos, os juros básicos foram mantidos, conforme o esperado, mas o mercado ficou otimista após as projeções de autoridades do banco central dos EUA continuarem apontando para três cortes de 0,25 ponto percentual em 2024 na taxa de juros da maior economia do mundo este ano. Isso, apesar do progresso mais difícil do que o esperado em direção à meta de inflação.
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Além disso, a tradicional coletiva de imprensa do presidente do Fed, Jerome Powell, também foi considerada “dovish”. Ele indicou que, mesmo com a inesperada força dos dados inflacionários recentes nos EUA, sua perspectiva para as pressões sobre os preços permanece relativamente estável.
No Brasil, a decisão de juros também esteve em linha com o esperado, com queda de 0,5 ponto percentual na Selic, para 10,75%. No entanto, houve novidades, principalmente no comunicado.
O BC encurtou sua indicação sobre cortes futuros ao mencionar uma ampliação de incertezas, afirmando que sua diretoria antecipa cortes na mesma intensidade (ou seja, queda de 0,5 ponto) apenas na próxima reunião, em comparação com a comunicação anterior sobre “próximas reuniões”, encurtando, assim, as projeções dos próximos encontros e tornando o cenário mais incerto quanto ao ritmo de cortes.
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O comunicado do Comitê também apresentou uma visão mais rígida, segundo analistas, ao mencionar que as medidas de inflação subjacente, que excluem itens com preços mais voláteis, recentemente ultrapassaram a meta de inflação. “Devido ao aumento da incerteza e à necessidade resultante de maior flexibilidade na condução da política monetária, os membros do Comitê decidiram, por unanimidade, comunicar que preveem, se o cenário esperado se confirmar, uma redução da mesma magnitude na próxima reunião”, informou o Copom no comunicado.
Alguns economistas já vinham defendendo uma flexibilização da orientação “plural para o singular” para conceder mais liberdade à condução da política monetária.
“O BC observa que há mais incerteza no cenário externo, com a possibilidade de taxas de juros mais altas nos países desenvolvidos, e, no cenário local, há uma dinâmica inflacionária subjacente ainda pressionada. O tom cauteloso se traduz em uma postura também mais cautelosa na comunicação das futuras decisões do Copom. Agora, o BC opta por mais graus de liberdade e sinaliza ações apenas para a próxima reunião. (…) As mudanças no comunicado devem ser interpretadas pelos investidores como uma postura hawkish [dura, mostrando preocupação com a inflação] da autoridade monetária, já que muitos esperavam que a sinalização para múltiplas reuniões permanecesse no texto”, avalia Luca Mercadante, economista da Rio Bravo.
Para Natalie Victal, economista-chefe da SulAmerica Investimentos, o aumento da incerteza, em particular, da inflação subjacente acima da meta, aparecem como motivadores da revisão. “Nos parece um BC cauteloso, dado o comportamento recente da inflação, e que não quis continuar a se comprometer para horizontes mais longos. Ou seja, hawk”, reforça, destacando que aumentaram o viés altista para a Selic terminal (ao fim do ciclo) de 9%, que já estava, indicando que a ata deve trazer informações adicionais.
Mayara Rodrigues, analista de renda fixa da XP, ressalta que, com essas indicações, o mercado de juros, que teve alívio com a queda nas taxas na sessão desta quarta-feira, junto com o Fomc, deve sofrer uma reversão na próxima sessão. “Os juros mais curtos podem precificar com maior intensidade uma política monetária mais restritiva, já que foi dado esse tom. Nos vértices intermediários, o movimento deve ser menor, com os juros devendo ganhar inclinação”, avalia a analista.
Carla Argenta, economista-chefe da CM Capital, destaca que, diante da decisão de política monetária e da sinalização futura, a casa mantém a expectativa de cortes sucessivos de 50 pontos ao longo do ciclo e de taxa de Selic terminal em 8,50% ao ano. “O mercado, no entanto, tende a reagir de forma intensa à retirada da sinalização para prazos mais longos, e os juros devem abrir em alta na sessão desta quinta-feira”, avalia.
Além da pressão dos DIs para cima nos vencimentos mais curtos, o que pode afetar as ações das empresas do setor de varejo e consumo na Bolsa (que tiveram forte ânimo na sessão de quarta após o Fomc), a sinalização do BC pode levar a um movimento de apreciação do real em relação ao dólar. Isso ocorre porque um juro mais alto no Brasil em comparação com os EUA atrai mais capital no curto prazo para o país devido ao carry trade (em que investidores profissionais buscam obter lucros com base na diferença entre as taxas de juros de dois países), o que pode resultar em uma valorização do real.
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